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sábado, 16 de outubro de 2010

Receita de Mulher By Rose Colaneri e A nudez de Martha Medeiros









Receita de mulher
“As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”.

*Vinícius de Moraes*

Será ??

Quando eu era criança e assistia aos filmes de Rita Hayworth (imagem) desejava ser bonita como ela...com a adolescencia, descobri que para isso eu teria que nascer novamente, ou fazer mil cirurgias plásticas... na minha inocência infanto-juvenil eu achava que para ser feliz era necessário ser bonita. O tempo passou e a vida me mostrou que beleza não é fundamental, me desculpe Vinícius, mas beleza muitas vezes pode ser sinônimo de infelicidade...quantas mulheres bonitas só são vistas por fora?

Quantas mulheres bonitas são amadas ou melhor, desejadas somente pela atração física que sua beleza exerce? E esses relacionamentos são tão vazios e acabam tão rapidamente quanto começam ou se tornam totalmente destrutivos, aos poucos minam a beleza, minam a alegria, minam a vontade de viver da “bela”. Poucas pessoas buscam a essência, poucas são as que conseguem enxergar, que uma pessoa é bonita não pelo que é por fora, que é efêmero...mas uma pessoa é bonita pela bagagem que carrega na alma...esse sim é o verdadeiro diagnóstico de beleza humana! As ações realizadas no bem, a gratidão, a fé, a compaixão, a caridade, saber amar, ser verdadeira, leal, honesta, esses são os verdadeiros conceitos de beleza...e essa beleza é eterna, fica impregnada na alma de quem exerce ...


Desculpem-me as bonitas só por fora, mas beleza interior é fundamental ...

Fundamental é se despir das máscaras, escancarar a ternura, demonstrar amor, afeto, carinho, "ser" e não “ter”...
Fundamental é buscar aprendizados, exercitar o cérebro e não só o corpo...

Fundamental é não ser perfeita, é se despir do orgulho e saber compreender e muitas vezes aceitar o que é, e não o que seu coração deseja...

Fundamental é ser mulher na essência...é embelezar a Alma...é ser Puro Amor !

Rose Colaneri



A... Nudez

Depois da invenção do photoshop, até a mais insignificante das criaturas vira uma deusa,basta uns retoquezinhos, aqui e ali.
Nunca vi tanta mulher nua.

Os sites da internet renovam semanalmente seu estoque de gatas vertiginosas. O que não falta é candidata para tirar a roupa.Dá uma grana boa.
E o namorado apóia, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor pra quê?

Não sei se os homens estão radiantes com esta multiplicação de peitos e bundas.Infelizes não devem estar, mas duvido que algo que se tornou tão banal ainda enfeitice os que têm mais de 14 anos.

Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade...
emocionalmente.

Nudez pode ter um significado diferente e muito mais intenso.

É assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.

É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente.

Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades,
sem esconder seus pequenos defeitos.
Aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas,e não bonecas de porcelana.

Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.
Pouco tempo atrás, posar nua ainda era uma excentricidade das artistas, lembro que esperava-se com ansiedade a revista que traria um ensaio de Dina Sfat, por exemplo

- pra citar uma mulher que sempre teve mais o que mostrar além do próprio corpo.

Mas agora não há mais charme nem suspense, estamos na era das mulheres coisificadas,
que posam nuas porque consideram um degrau na carreira.

Até é.

Na maioria das vezes, rumo à decadência.

Escadas servem para descer também.

Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior.

Mas é o que devemos continuar fazendo.
Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

Outro tipo de mulher nua...

Autora: Martha Medeiros





quinta-feira, 23 de setembro de 2010

É Primavera !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! By Rose Colaneri







É Primavera !!!

Chega enfim a estação mais bonita...onde as flores estão em seu mais alto esplendor...o perfume está no ar...a despeito do que estamos sentindo nesse momento, a primavera está aí...e quem tem “olhos” para apreciar poderá ver e sentir o poder das flores. Elas são criadas no plano etérico e chegam a nós através de “anjos”. Essa beleza é mais uma prova de Amor de Deus por nós...

Há o jardim de fora e o jardim de dentro...se cultivarmos bons sentimentos, nosso jardim interior será sempre florido como a primavera, o de fora, indiferente à tudo, sempre florescerá, mas algumas pessoas não conseguirão vê-lo...como diz Cecília Meireles : “A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la”.


Grandiosa é a alma que abriga flores das mais variadas espécies, por cultivar o solo dos sentimentos com os melhores fertilizantes e as mais belas sementes: Amor, gratidão, compreensão, perdão e compaixão.

Viva a Primavera intensamente, a energia das flores está no ar...flor é beleza, delicadeza, suavidade, é amor...mas também é impermanência...como tudo em nossas vidas, portanto não deixe para apreciá-las amanhã, assim como não deixe para viver...amanhã!!

Rose Colaneri

Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada, ou qualquer lago seja construído é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma.Quem não tem jardim por dentro, não planta jardim por fora. E nem passeia neles".

Rubem Alves

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Desertos...by Rose Colaneri, Um Peregrino, JY Leloup








Quem nunca vivenciou um deserto,
nunca esteve sozinho dentro de si mesmo.
Muitas vezes estar num deserto é o único caminho para se conhecer verdadeiramente, se olhar no espelho e reconhecer que além do reflexo físico,
há uma alma, que abriga tudo que sentimos, que busca a completa interação com os corpos físico, etérico, emocional, mental,
que muitas vezes estão em total dissonância e se perdem...
nunca se encontram... e a paz que tanto queremos, não acontece...

Amar é muito mais que desejar,
Refletir é muito mais que interiorizar...
Viver é muito mais que existir!!

* * *
Por um tempo andei pelo deserto Sem saber onde ia chegar...
Sem força...com pouca fé...
Até que o cansaço e as dores me fizeram parar,
E por um tempo desistir...
O meu deserto era negro apesar do Sol, e muito cruel...
Destruindo e transformando tudo em cinzas.
A solidão me mantinha agarrada nos braços da morte...
O deserto significa morte quando ficamos parados nele...
Mortos vivos...vivos mortos...
Ficamos presos no instante onde nada...nada acontece...
Mas esse mesmo deserto, essa mesma solidão, podem levar a outros caminhos E podem significar... Renascimento!
Quando não há mais fé e força para levantar e prosseguir,
Sutilmente, Um Poder Superior se faz presente...revelando caminhos...
E é preciso reconhecer nos simbolismos,
a luz que iluminará e fará com que das cinzas surja uma nova vida:
como a Fênix!
E o mesmo Sol que antes feria o corpo no deserto,
Torna-se a Luz que direciona,
que dá forças para prosseguir...
Em busca de si mesmo,
em busca do melhor de si mesmo,

No amor, no auto-perdão...
na compreensão... de que um dia tudo passará,
Porque tudo passa, tudo é impermanente,
Até as coisas ruins que nos acontecem...
By Rose Colaneri


*****************



Deserto, vazio, imensidão e silêncio,

tempestades de areia, calor abrasador,

oásis e repouso:

“Anuncia-lhes

Que a água deve ser bebida

por diversas sedes, a maior e a menor,

não avalies a bondade da água

pelo tamanho da tua bilha

a parte prometida

a parte permitida

a cada um,

é aquela que pode caber

na palma de suas mãos,

anuncia-lhes ainda

que a água só é viva

para aqueles que têm sede...”

Jean-Yves Leloup, em “Deserto, Desertos"



- Desertos –

Existe a bondade da água,

e existe a palma das mãos...

O deserto nos situa fora dos acontecimentos do tempo e do espaço

onde o tempo é abolido,

o espaço perde os limites

onde o espaço não tem limites,

o tempo é abolido

assim o deserto nos conduz

às fronteiras do tempo-espaço

a sede do dia

pouca coisa interessa ao caminhante

salvo o encontro com a fonte.


**

NO DESERTO

você não se deita duas vezes

sobre a mesma duna

o sangue a pulsar nas veias

os pés-de-vento nas areias

o tempo tudo transforma,

tudo modifica

o mundo que está vindo a ser

Já não é mais o que era antes

chega-se ao deserto no dia em

que se descobre que sempre se

esteve ali , e o que nos

escondia o deserto?

Um certo conforto

um certo esquecimento

mas lá estava ele

FIEL, E TENAZ


**

Partir para o deserto é partir para o mais longe de si mesmo e dali depois voltar para o mais perto

adereços e ornamentos , dispensáveis não têm vez no deserto, pois, para atravessá-lo, apenas do essencial não se deve prescindir e, nessa travessia, o que vem a ser essencial?


**
Essencial é recordar

a lição da flor de lótus,

que, em meio ao lamaçal do pântano, emerge límpida e resplandecente.


Essencial é cultivar

um coração puro e radiante,

tal qual a flor de lótus.


O essencial em geral tem a ver com a simplicidade, estando ao alcance de quem o queira buscar. Simplicidade como beber água direto na nascente, com a concha formada pela palma das mãos vazias.

Mãos limpas e abertas são necessárias

àqueles que almejam alcançar a Fonte.


Essencial é a sede espiritual.

A água límpida da Nascente

vivifica, dignifica, purifica...



**
Essencial é compartilhar

os bens e os dons com os quais fomos

agraciados pela Vida.

Compartilhar o nosso excedente

com aquele que se encontra privado do necessário.


“Não se enriquece sendo miserável;

ninguém empobrece sendo generoso.”

antigo ditado oriental


Essencial é respeitar e proteger a vida,

em todas as suas manifestações.

Essencial é buscar o conhecimento, o saber.

Essencial é o amor.


Amar tem mais a ver com “encontrar”

do que com “escolher”.


E ao se compartilhar sonhos e anseios,

dores e alegrias,

o mundo se torna mais leve.

Essencial é a família.

**

Não nos é dado escolher a família onde nascemos...,

...mas está nas nossas mãos o cultivo de

relações familiares harmoniosas, amando,

quando possível,

perdoando, sempre que necessário.


“Uma família feliz nada mais é

que o paraíso antecipado.”


Essencial é recordar que, apesar de

todas as aparentes diferenças,

- de raça, credo, idioma...

...pertencemos todos a uma única família,

- a família humana...,

...e que todos compartilhamos os

mesmos anseios por dignidade,

liberdade e uma vida plena.


Somos todos raios de uma mesma Luz,

ecos de uma mesma Voz...,

...navegantes do mesmo mar da Vida.



**


Essencial é proteger a infância.

Essencial é garantir as condições necessárias para que toda criança desenvolva seu pleno potencial,

físico, mental, emocional, social, espiritual...


Essencial é recordar que as crianças têm muito mais para ensinar do que aprender,

Essencial é saber ver, querer ouvir.

Essencial é o devido respeito aos idosos.

Essencial é fazer sábio uso

do vigor da juventude...


Essencial é amparar o enfermo,

socorrer o necessitado.

Essencial é não permitir que a rotina nos torne alheios aos mistérios e encantos que a vida entesoura.


Antes das tantas cidades erguidas,

o que havia, senão o deserto?

Essencial é não esquecer

as lições do deserto.

**


A lição de seguir adiante,

de não se deixar abater diante do vento abrasador,

do calor escaldante, das noites sem luar.


A lição da fugacidade

e da fragilidade da existência humana,

a nos recordar a todo instante

de quão delicada e breve é

a nossa passagem terrena.


A busca por sentido por algo que transcenda

as cores e as formas efêmeras, por algo maior

do que as miudezas do dia-a-dia

“O que é o homem?”,

“O que é o mundo?”,


Perguntavam-se os antigos povos do deserto.


-“Uma gota de orvalho na borda de um cântaro”


Diria mais tarde o profeta Isaías.

**

Uma gota de orvalho que se desvanece mais célere ainda sob o sol do deserto.

O deserto nos ensina a ver a claridade que há no olhar da criança, e a luminosidade, no olhar do ancião.

Uma luz que viu e atravessou a noite,

uma inocência que nada ignora das durezas e dos esplendores da existência.


O caminhante que resolve percorrer a imensidão e o silêncio do deserto, em direção ao Infinito, não embarca numa empreitada de aniquilamento.

Antes, haverá de reatar os laços com aquilo que o ser humano tem de Eterno, e que se achavam velados pelas ocupações e preocupações do tempo.

**

“O mundo é a extremamente pesada presença das coisas, onde se sente por vezes a demasiadamente viva ausência de Deus...”


“O deserto é a extremamente dura ausência das coisas, onde se sente às vezes a demasiadamente doce presença de Deus”


Jean-Yves Leloup
um_peregrino
Copie com Amor,
preserve o nome do autor

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A beleza dos sentimentos - Rubem Alves







Porque hoje é aniversário de Rubem Alves e o vídeo é especial para ele.
Parabéns Rubem Alves !




"Chega um dia que faz a gente parar e prestar atenção:
o dia do aniversário.
No dia do aniversário a gente diz:
“Passou mais um ano da minha vida“.
Jeito bobo. Os números não dizem nada.
Há um verso sagrado que diz:
“Ensina-me a contar os nossos dias de tal maneira
que alcancemos corações sábios.“
Muita gente envelhece sem ficar sábio.
O que é um sábio?
Sábio não é quem sabe muito.
Sábio é quem come a vida
como se ela fosse um fruto saboroso.
O que dá prazer e alegria não são coisas grandes,
festas com bolo, bexigas e presentes.
O que dá alegria são coisas pequenas.
Por exemplo: brincar com um cachorrinho.
Balançar num balanço.
Andar na água fria de um riachinho.
Ver um ipê florido. Ler um livro.
Armar um quebra-cabeças.
Ver fotografias antigas.
O sábio presta atenção nos prazeres
e alegrias de cada momento".


"Nasci no dia 15 de setembro de 1933. Faça as contas para saber quantos anos não tenho. Que "não tenho", sim; porque o número que você vai encontrar se refere aos anos que não tenho mais, para sempre perdidos no passado. Os que ainda tenho, não sei, ninguém sabe..."

Rubem Alves


A BELEZA DOS SENTIMENTOS DE RUBEM ALVES


“Se te perguntarem quem era essa que às areias e gelos quis ensinar a primavera...”: é assim que Cecília Meireles inicia um dos seus poemas. Ensinar primavera às areias e gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la?

Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como? - se ele não ouve. E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há coisas que não podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das palavras. Os cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que podem ser ensinadas são aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo: acho possível desenvolver uma psicologia da solidariedade. Acho também possível desenvolver uma sociologia da solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade... Mas os saberes científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como a crítica da música e da pintura não ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A beleza é inefável; está além das palavras.

Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, esses pássaros morrem.

A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras. Walt Whitman tinha consciência disso quando disse: "Sermões e lógicas jamais convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma... Ele conhecia os limites das suas próprias palavras. E Fernando Pessoa sabia que aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz: ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música - de onde vem ela se não foi o poeta que a tocou?

Não é possível fazer uma prova colegial sobre a beleza porque ela não é um conhecimento. E nem é possível comandar a emoção diante da beleza. Somente atos podem ser comandados. Ordinário! Marche!", o sargento ordena. Os recrutas obedecem. Marcham. À ordem segue-se o ato. Mas sentimentos não podem ser comandados. Não posso ordenar que alguém sinta a beleza que estou sentindo.

O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do corpo. Enterradas na carne, como se fossem SEMENTES À ESPERA...

Sim, sim! Imagine isso: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram, adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes - lembre-se da estória da Bela Adormecida! Elas poderão acordar, brotar. Mas poderão também não brotar. Tudo depende... As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas... De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que cresçam. Nos jardins há pragas: tiriricas, picões...

Uma dessas sementes tem o nome de "solidariedade". A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora ela poderia ser ensinada. A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade, semente, tem de nascer.

Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele floresça. Angelus Silésius, místico antigo, tem um verso que diz: “A rosa não tem por quês. Ela floresce porque floresce." O ipê floresce porque floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.

A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: "Seja solidário!" Ela acontece como simples transbordamento. Da mesma forma como o poema é um transbordamento da alma do poeta e a canção um transbordamento da alma do compositor...

Disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna humanos. É um sentimento estranho - que perturba nossos próprios sentimentos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a criança - dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela, estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto aos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha vindo, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus sentimentos. Foi-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se.

Ele está agora ligado a outro corpo que passa a ser parte dele mesmo. Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa e nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade. Acho que esse é o sentido do dito de Jesus que temos de amar o próximo como amamos a nós mesmos. Pela magia do sentimento de solidariedade o meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade.

Mas fica pendente a pergunta inicial: como ensinar primaveras a gelos e areias? Para isso as palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário fazer nascer ipês no meio dos gelos e das areias! E eu só conheço uma palavra que tem esse poder: a palavra dos poetas. Ensinar solidariedade? Que se façam ouvir as palavras dos poetas nas igrejas, nas escolas, nas empresas, nas casas, na televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e, principalmente, na solidão...

O menino me olhou com olhos suplicantes.

E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes...

Fonte:
http://stoa.usp.br/anacesar

Copie com amor, conserve o nome do autor !!!!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A tranquilidade das ovelhas - Rubem Alves

Linda tela de Leonid Afremov







Namaste!


E quem nunca sentiu medo na vida?? Acho que nunca existiu uma pessoa que não experimentou a angústia do medo...a ansiedade que gera o medo...a insegurança causada pelo medo.


Claro que uma dose equilibrada de medo é necessária, pois precisamos de cautela também..

Mas há aqueles que vivem inertes por anos por causa do medo...medo da morte, medo da rejeição, medo da solidão, medo da violência, medo de amar, medo de não ser capaz, medo de não ser amado, medo de não ser inteligente, medo de não conseguir um bom emprego, medo de ter medo...há medos para todos os gostos...


Mas somente desafiando nossos medos é que os enfrentamos e os vencemos...ou não. Às vezes precisamos enfrentar os mesmos medos porque não conseguimos vencê-los em outra ocasião.

O importante é assumir que somos humanos falíveis e que podemos ter medo sim, em excesso é preciso tratar, e para isso há uma série de opções...e não é vergonhoso pedir ajuda...esse aliás é um grande passo..


Os medos sempre existirão, após vencermos um, outro virá, é preciso desafia-los,  acreditar em nosso poder pessoal, isso nos fortalece!

O texto abaixo é do grande Rubem Alves, quem me conhece sabe o quanto amo esse senhor, o quanto admiro, o quanto ele me faz aprender e refletir..até com as colocações dele que eu não compactuo, discutimos (eu e ele, mas ele não sabe) e sempre chegamos a um acordo...


Rose Colaneri


Para apreciação, Rubem Alves em:


A tranquilidade das Ovelhas


A noite estava escura, céu sem estrelas. De vez em quando ouvia-se o uivo de um lobo bem longe, misturado com o barulho do vento. As crianças reunidas na tenda do Mestre Benjamin estavam com medo.


Mestre Benjamim sentiu o medo nos seus olhos. Foi então que uma delas perguntou:


- Mestre Benjamim, há um jeito de não ter medo? Medo é tão ruim!


Mestre Benjamim respondeu: - Há sim... E ficou quieto. Veio então a outra pergunta:


- E qual é esse jeito?


- É muito fácil. É só pensar como as ovelhas pensam...


- Mas como é que vou saber o que as ovelhas estão pensando? Mestre Benjamim respondeu: -


Quando durante a noite, as ovelhas estão deitadas na pastagem, os lobos estão à espreita. E eles uivam. As ovelhas têm medo. Mas aí, misturado ao uivo dos lobos, elas ouvem a música mansa de uma flauta. É o pastor que cuida delas e não dorme nunca.


Ouvindo a música da flauta elas pensam: Há um pastor que me protege. Ele me leva aos lugares de grama verde e sabe onde estão as fontes de águas límpidas. Uma brisa fresca refresca a minha alma. Durante o dia ele me pega no colo e me conduz por trilhas amenas. Mesmo quando tenho de passar pelo vale escuro da morte eu não tenho medo. A sua mão e o seu cajado me tranqüilizam.


Enquanto os lobos uivam, ele me dá o que comer. Passa óleo perfumado na minha cabeça para curar minhas feridas. E me dá água fresca para sarar o meu cansaço. Com ele não terei medo, eternamente... (Salmo 23, paráfrase)


Mestre Benjamim parou de falar. Os olhos de todas as crianças estavam nele. Foi então que uma delas levantou a mão e perguntou:


- E os lobos? Eles vão embora? Eles morrem?


- Os lobos continuam a uivar. E continuam a ser perigosos. O pastor não consegue espantar todos eles. E por vezes eles atacam e matam. Mas as ovelhas, ouvindo a música da flauta do pastor dormem sem medo, não porque não haja mais perigo, mas a despeito do perigo.


Não há jeito de acabar com o perigo. Mas há um jeito de acabar com o medo.


Coragem é isso: dormir sem medo a despeito do perigo...


As crianças voltaram para suas tendas e dormiram sem medo, pensando nos pensamentos das ovelhas. De vez em quando, lá fora, ouvia-se o uivo de um lobo faminto.


Desde então, tornou-se costume contar ovelhinhas para dormir.


Texto de Rubem Alves, do livro: “Perguntaram-me se acredito em Deus”.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Felicidade Pode Demorar






A Felicidade Pode Demorar
A vida e o Amor de François Bitencourt



Às vezes as pessoas que amamos nos magoam,
e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada
com nosso coração machucado.

Às vezes nos falta esperança.
Às vezes o amor nos machuca profundamente, e vamos nos recuperando
muito lentamente dessa ferida tão dolorosa.

Às vezes perdemos nossa fé,
então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar...
é nossa razão de existir.

Às vezes estamos sem rumo,
mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino.
Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração
pela falta de uma única pessoa.

Às vezes a dor nos faz chorar,
nos faz sofrer,
nos faz querer parar de viver,
até que algo toque nosso coração,
algo simples como a beleza de um pôr do sol,
a magnitude de uma noite estrelada,
a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto.

É a força da natureza nos chamando para a vida.

Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras
e receberam sua confiança,
te traíram sem qualquer piedade.

Você entende que o que para você era amizade,
para outros era apenas conveniência,
oportunismo.

Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo,
e por isso nunca fizeram amor,
apenas transaram...

Descobre também que outras disseram eu te amo uma única vez.
E agora temem dizer novamente,
e com razão,
mas se o seu sentimento for sincero poderá
ajudá-las a reconstruir um coração quebrado.

Assim ao conhecer alguém,
preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu,
são fatores
importantes: a relação com a família,
as condições econômicas nas quais se desenvolveu.
(dificuldades extremas ou facilidades excessivas formam um caráter),
os relacionamentos anteriores
e as razões do rompimento, seus sonhos, ideais e objetivos.

Não deixe de acreditar no amor.
Mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém
que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá.

Manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam.
E certifique-se de que
quando estão juntos,
aquele abraço vale mais que qualquer palavra.

Esteja aberto a algumas alterações,
mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa
te deixar, então nada irá lhe restar.

Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento,
manter um grande amor,
pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco.

Pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar
e seu sofrimento será ainda
mais intenso, do que teria sido no passado.

Pode ser difícil fazer algumas escolhas,
mas muitas vezes isso é necessário.
Existe uma diferença muito grande entre
conhecer o caminho
e percorrê-lo.

A tristeza pode ser intensa,
mas jamais será eterna.
A felicidade pode demorar a chegar,
mas o importante é que ela venha para ficar e não
esteja apenas de passagem...

domingo, 4 de julho de 2010

A ponte para o sempre...







A Ponte para o sempre

Pensamos, às vezes, que não restou um só dragão.
Não há mais qualquer bravo cavaleiro,
nem uma única princesa a passear
por florestas encantadas.

Pensamos às vezes, que a nossa era está além das fronteiras,
além das aventuras.
Que o destino já passou do horizonte
e se foi para sempre.

É um prazer estar enganado.
Princesas e cavaleiros, encantamentos e dragões, mistério
e aventura...
não apenas existem aqui e agora, mas também continuam a ser
tudo o que já existiu nesse mundo!

Em nosso século, só mudaram de roupagem.
As aparências se tornaram tão insidiosas,
que princesas e cavaleiros podem se esconder um dos
outros,
podem se esconder até de si mesmo.

Contudo, os mestres da realidade ainda nos encontram em
sonhos para dizer que nunca perdemos o escudo de
que precisamos contra os dragões,
que uma descarga de fogo azul
nos envolve agora, a fim
de que possamos mudar
o mundo como desejarmos.

A intuição sussurra a verdade!
Não somos poeira, somos magia!
Feche os olhos e siga sua intuição.

Richard Bach

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Wind Of Change - Vento da Mudança






The wind of change blows straight

Into the face of time

Like a storm wind that will ring

The freedom bell for peace of mind




sábado, 12 de junho de 2010

Vista cansada





Namaste!

Algumas pessoas passam pela vida totalmente cegas, não conseguem ver a beleza que há numa poesia, num quadro, num livro, numa música, não viajam com a alma, não sonham com amor e carinho, não mostram nenhum interesse pelo sentimento humano, não enxergam nem dão valor aos que estão ao seu lado, seus olhos só alcançam a si mesmas, numa atitude egoísta e individualista, materialista até... de somente TER e nunca SER.

Essas pessoas precisam perder realmente para valorizar...que triste isso!

Quem passa pela vida procrastinando relacionamentos, sentimentos, emoções e afetividade, nunca viveu e se não acordar a tempo...nunca viverá. Quem fere sua criança interior, perde a inocência mágica da alegria desinteressada, a curiosidade primária que nos leva a conhecer o belo na essência que se manifesta através da mente e visão infantis...Quem perde sua essência infantil perde sua espontaneidade. Vira máquina do ego materialista e egoísta!

Há tanta beleza no mundo...pequenas coisas tão sutis e de uma beleza encantadora capazes de nos emocionar intensamente e muitos não conseguem ver...os cegos não enxergam pessoas ao lado, simbolismos diários, chacoalhões que os acordem, e nem tão pouco, a beleza magnifica da natureza...

Essas pessoas "cegas" nunca poderão dizer que estiveram vivas...

A vida está presente no sutil, nas boas emoções, na pureza do amor, na inocência da criança e no HOJE, porque amanhã pode ser muito tarde para viver !
Rose Colaneri

Como diz o sábio Rubem Alves:
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido.
Se os olhos estão na caixa de ferramentas,
eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática.
Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas
- e ajustamos a nossa ação.
O ver se subordina ao fazer.
Isso é necessário.
Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam...
Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos,
eles se transformam em órgãos de prazer:
brincam com o que vêem,
olham pelo prazer de olhar,
querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas
são os olhos dos adultos.
Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças.
Para ter olhos brincalhões,
é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Vista cansada

Otto Lara Resende


Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê.
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo.
O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.
Há pai que nunca viu o próprio filho.
Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas.
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos.
É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.


Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.

domingo, 6 de junho de 2010

Até que a distância os separe








Até que a distância os separe
por Nelson Sganzerla




Eu confesso: Sou romântico! A minha geração passou pelos anos 70 onde se gritava o bordão PAZ E AMOR, tempos do Rock in Rio, Led Zeppelin, Genesis, Dylan, mas também existia o bar, o banquinho e um violão onde todos entoavam o refrão: "Vi tanta areia andei, da lua cheia eu sei, cansei de ser sozinha", época da Cuba-Libre e dos bailes de garagem, Bethania surgia cantando Gonzaguinha e lendo maravilhosos textos de Fauzi Arap.

Sou do tempo que toda garota tinha em sua estante aqueles bolachões com músicas temas das principais novelas das oito e todo fim-de-semana nos reuníamos na casa de alguém para ouvirmos aquela doce melodia, que embalava nossas paixões, às vezes até secretas, pela nossa timidez. Lembro-me quando não se era correspondido no amor, se dizia: Estou em uma fossa danada.

Nessa época, a droga não existia em nossas rodas. Claro que o pessoal do PAZ e AMOR já peregrinavam pelo LSD e outras drogas, mas eram pessoas mais velhas. Nós éramos todos românticos e sonhadores, ninguém possuía carro, mas percorríamos quilômetros a pé pelas ruas do nosso bairro em busca de aventuras amorosas e, no domingo, fazíamos o balanço das nossas eventuais conquistas.
Não sou saudosista, mas confesso que naquela época os relacionamentos eram outros. Nossa maior balada eram os bailinhos de garagem, a matinê no Clube ou o cinema no final das tardes de domingo, que sempre terminavam em uma lanchonete comendo um hambúrguer e saboreando um Milk Shake.

O ponto é: o que acontece hoje em dia com os relacionamentos? Está tudo tão vazio em torno do amor, que os jovens estão andando em círculos em busca de um prazer que é efêmero. Beijava-se pouco, mas se amava muito... Hoje isso se inverteu, beija-se muito e ama-se pouco. Não existe um começo um meio e um fim. Na época, trocávamos cartas e bilhetes na saída da escola; hoje, troca-se música no MP3 e no Ipod e cada um na sua.

Hoje se mistura álcool, drogas e energizantes com direção... e se mata pela madrugada, achando natural essa loucura. Reúnem-se em lojas de conveniências, envolvendo-se em brigas homéricas e covardes, muitas vezes tirando suas próprias vidas, por banalidades difíceis para o entendimento dos pais que sofrem por não saber o que os filhos estão fazendo, nas ruas.

Já na fase adulta, que acontece com o relacionamento do homem, que não entende uma poesia, não sabe distinguir verso de prosa, nunca leu um romance e sente sono ao assistir um drama, alegando que as "letrinhas" são muito pequenas e seu único assunto são as peripécias com seu carro, sua moto, ou o time de futebol, naquelas horrendas rodinhas que se formam ao redor do churrasco aos domingos.

O que acontece com a mulher, que pela evolução tornou-se mais bonita e exuberante, é independente financeiramente, dona de si, mas sonha com um abraço apertado e um ombro amigo como porto seguro que lhe permita a paz e a quietude depois de um dia duro e estressante de trabalho, e por mais bonita, inteligente e exuberante que seja não encontra esse companheiro...

Onde anda o romantismo nos relacionamentos, respeito, admiração, orgulho da pessoa que está ao seu lado, onde anda o amor que todos buscam? Ao contrário, o que se vê são mulheres amedrontadas e escorraçadas pelos seus maridos, agredidas na frente dos filhos. Ao contrário, o que se vê, são homens fracos, mesquinhos, egoístas sem escrúpulo, que não aceitam o fim de um relacionamento tendo sua macheza ferida e vingada com a morte da companheira.

Relacionamento é uma via de duas mãos, uma troca onde existe o prazer, de procurar fazer o outro feliz, nas pequenas coisas do dia-a-dia, esse mundo que aí está nos tornou frios e céticos em relação ao amor ao romantismo e ao bem querer, ninguém consegue mais dizer: Eu te amo! Ninguém consegue mais olhar no olho, ninguém mais tem coragem para amar, ninguém mais senta e conversa, ninguém mais revê fotos do casamento, ou daquela viagem que foi dos sonhos.

Relacionamento é repetir as mesmas coisas, todos os dias, sem medo de ser chato, de cair no ridículo. Relacionamento é deixar de ser macho para ser homem, entender que mulher gosta de carinho e não de porrada. Relacionamento é a mulher também deixar de querer ser dona de si e criticar menos o seu companheiro para também lhe dar mais carinho e atenção.

Relacionamentos acabam, porque ambos deixam de ser o que eram antes do casamento. Em algum lugar, nesse caminho, as pessoas se perdem e daí a distância torna-se muito grande entre eles, mesmo que ainda permaneçam juntos vivendo sob o mesmo teto, ou se encurta essa distância, ou essa mesma distância mais cedo ou mais tarde, certamente irá separá-los.

Pense nisso.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Não existe encontro, sem despedida...By Rose Colaneri







Namaste!


Quando pensamos que já sofremos o bastante na vida...
Acontecem coisas que superam demais o que já foi vivido...

Para uma amiga querida que se despede de mais um filho amado...
O meu amor, o meu carinho, a minha amizade, minhas lágrimas repletas de dor...
Meu conforto, meu abraço, minhas preces...

A única certeza que temos é que nada dura para sempre, e que um dia o vento leva tudo embora...e então...


Perdemos as pessoas que amamos...


Essa é a prova mais real da impermanência de tudo nessa vida...estamos juntos por um espaço muito curto de tempo, e por isso devemos fazer o nosso melhor agora, no hoje, e ainda há pessoas que não se dão conta disso e procrastinam fazer o bem, oferecer colo e amizade, amor e compaixão...deixam pra depois a dedicação, o respeito, a doçura, o carinho, a caridade...esperando um dia que pode não chegar nunca...

Felizes são aqueles que no momento da despedida sentem no coração, a paz de quem dedicou o seu melhor, que fez tudo ao seu alcance para a felicidade e o bem estar do outro...

Tristes são aqueles corações vazios, frios, endurecidos pela busca incessante do material e que esqueceram que somos em essência alma...espírito...que vive na eternidade e que a matéria se desfaz aqui nesse mundo...

Amiga querida, estou com você, mesmo que tão distante fisicamente...minha alma esta ao teu lado...

Que o sofrimento do hoje nos faça galgar degraus em evolução espiritual e nos faça fazer o bem sem olhar a quem sempre e para o resto de nossas vidas...

Rose Colaneri


“Despedidas são necessárias para que possamos nos encontrar novamente”
Richard Bach



Não existe encontro, sem despedida...

Budha.

sábado, 22 de maio de 2010

Tempo







RELÓGIO DO CORAÇÃO

Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.
Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.

Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário mostrar que eles ficaram por anos em nossas agendas.

Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.

Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.

Há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados das folhinhas.

Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembranças de horas.

Há eventos que marcaram, e que duram para sempre,
o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, um sonho realizado.
Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra “eternidade”.

Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.

Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz eu estava na ocasião.

O relógio do coração – hoje eu descubro - bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.

Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.

Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.

É olhar as rugas e não perceber a maturidade.
É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças da vida.

Pense nisso.
E consulte sempre o relógio do coração:
Ele te mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

Alexandre Pelegi


O TEMPO - MÁRIO QUINTANA.


A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mário Quintana


Namaste!
Porque deixar sempre tudo para amanhã? Será que o amanhã existirá?? Não tenha tanta certeza disso...não temos o controle da vida e muito menos do tempo...tudo passa...e não volta...e deixamos de viver hoje por esperarmos sempre pelo amanhã... Rose

sábado, 24 de abril de 2010

Mais uma vez...





Mas eu sei que um dia a gente aprende...

Se você quiser alguém em quem confiar...

CONFIE EM SI MESMO

Renato Russo

terça-feira, 30 de março de 2010

FAITH, HOPE AND LOVE - By Rose Colaneri












Faith - Fé


Hope - Esperança

Love - AMOR

Três sentimentos perdidos no mundo atual. Porque tantas mortes, atentados, placas tectônicas se revoltando, a natureza maltratando seus habitantes...nosso lindo planeta azul se acabando literalmente? Porque tantas mortes brutais a todo instante no mundo? O que adianta só nos chocarmos com os noticiários e nada fazermos?

Que hipocrisia é essa em que nós estamos vivendo? Fechando os olhos para o que realmente é importante nesse mundo? Onde está a origem de toda brutalidade ?

Nas famílias...em suas constituições...na falta de RESPEITO. Onde há respeito, há pelo menos uma forma de Amor...Pais que ignoram seus filhos, que desrespeitam seus (suas)companheiros(as)...que vivem somente para a vida material, que ignoram o verdadeiro sentido do viver...que é a alma, os sentimentos puros da ALMA...

É dentro do lar que a raiz da maldade começa...onde filhos crescem sem amor, dedicação, atenção, sem aprender os valores morais, os valores dos sentimentos...isso geram seres vazios, fracos ou até totalmente nulos de amor, onde crescem seres egoístas, materialistas, que conquistam o que querem a qualquer custo, sem DIGNIDADE, sem RESPEITO.

Família - base da estrutura da sociedade...falida nos tempos atuais!!!
Criam-se herdeiros e não filhos
Criam-se seres inanimados, maquinados pela mídia
Criam-se monstros
Monstros que matam, monstros que ferem, que destróem...
Falta AMOR
Falta COMPREENSAO
Dentro das famílias
Falta RESPEITO !

E onde faltam Amor, Compreensao e Respeito
Nunca haverá corações que habitam Faith, Hope and Love - Fé - Esperança e Amor !!

Chega de hipocrisia, cada um deve fazer a sua parte para que um dia o mundo seja mais humano. Se não há amor...não há laços que prendam ninguém...
Se não há respeito, não há união...
Se não há união, não tem pq continuar a caminhar juntos !

Escolhemos nossos caminhos, mas muitas vezes erramos e no êrro aprendemos com muito sofrimento que não vale a pena viver hipócritamente e não contribuir com Amor para o Mundo.

Cada um de nós deve fazer a sua parte
O AMOR e o RESPEITO devem ser sempre a base de uma família para que sejam gerados filhos da PAZ.

O MUNDO NECESSITA URGENTEMENTE DE PAZ

E a Paz só pode existir dentro de um coração cheio de respeito,  compreensão e amor !

Rose Colaneri

NAMASTE!

domingo, 28 de março de 2010

Migalhas






Migalhas

Ora, se é para ir na feira e escolher a fruta,
escolha a melhor!
leve para casa a mais suculenta, mais brilhante, mais doce.
Se é para ir ao açougue, e se o dinheiro dá,
leve a melhor carne,
se pode comprar filet-mignon vai levar “coxão-duro” para o bife?
Vai comprar uma roupa?
Então escolha o melhor tecido, o melhor caimento e por favor:
escolha o número que se ajuste ao seu corpo.

Na hora do perfume, gosto não se discute, cada um com o seu,
mas por favor, não exagere, perfume é complemento, não é banho.
Vai prestar um concurso?
Então primeiro estude, depois faça promessa,
porque eu te garanto, nenhum “santo” ,“vai descer” em você para fazer a sua prova.
Todo mundo quer o melhor da vida!

Mas, poucos sabem o que é “o melhor”.

Nos pedidos que fazem aos céus são infantis,
acham que voltar com tal pessoa é o máximo,
quando poderiam pedir para conhecer alguém
que realmente valha a pena.

Muitos “bacharéis” estão tentando uma vaga de gari na prefeitura do Rio,
tentando roubar a oportunidade de quem precisa ser “gari”.
E pode apostar, “vai chover” promessa para passar no concurso.

Gente desistindo da luta no meio do caminho,
gente topando “qualquer coisa” para “ser feliz”,
dando dízimo da aposentadoria da mãe,
comprando fitinha benzida pelo “sei lá quem”,
e a auto-estima no chão, derrubada, vazia.

É hora de acreditar no seu potencial!

É hora de pedir caviar aos céus,
acreditando que você merece o melhor.

É hora de deixar o vale da lamentação, dos gemidos,
das doenças imaginárias e virar o jogo.

CHEGA!

Chega de sofrer até pelo que não existe!

Só você, criatura divina, pode mudar o seu jogo.
Não tem pastor, santo, anjo, padre abençoado,
nem fita mágica que dê um jeito em quem não quer ter jeito!

Faça a sua parte, desperte, lute!

Caiu? levante!

escorregou? apoie-se!

errou? peça perdão e recomece.

chorou? limpe o rosto e prossiga!

doeu? assopre e siga!

tá sem rumo? Compre um guia.

Amou? que bom, aprendeu o valor do amor.

Não deu certo? comece de novo.

É este o dia certo, para a pessoa certa, na hora certa:
você é a pessoa certa, na hora certa, no dia certo.
O resto é confusão mental.
Por favor, queira ser feliz e lute por esse direito,
a vitória só depende de você,

não aceite migalhas!

Paulo Gaefke

sábado, 13 de março de 2010

A marca










Namaste!


No decorrer de nossa passagem tão breve nesse planeta, muitas pessoas entrarão e sairão de nosso convívio...deixamos nelas nossas marcas e elas nos deixam as suas...
Se agimos pelo coração e com bondade amorosa, nossas marcas deixarão boas lembranças, saudades e bem querer. Resta a cada um saber como agir durante a estada das pessoas em nossas vidas... agir com o coração e pelo coração!  Todo momento é o momento certo de fazer o bem à alguém. O amor é um exercício diário !


Rose



A Marca
Quando eu era criança, bem novinha, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.

Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.

Minha primeira experiência pessoal com esse gênio na garrafa veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo.
A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia.

Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido até que pensei:
O telefone!
Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente à cômoda da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido.

Alguém atendeu e eu disse:

"Uma informação, por favor".

Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido.

"Informações.“

"Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.

"A sua mãe não está em casa?", ela perguntou.

- "Não tem ninguém aqui...", eu soluçava.
"Está sangrando?"

- "Não", respondi. "Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo..."

"Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou.

Eu respondi que sim.

- "Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz.

Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo.
Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Filadélfia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas.

Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável.
Eu perguntava: "Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"

Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente: "Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..."
De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.

No outro dia, lá estava eu de novo. "Informações.", disse a voz já tão familiar. "Você sabe como se escreve 'exceção'?"

Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacifico.
Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala.

Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente,em momentos de duvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo.
Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um menininho.

Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos.
Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi:
- "Uma informação, por favor."

Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: "Informações." Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: "Você sabe como se escreve 'exceção'?" Houve uma longa pausa.
Então, veio uma resposta suave: "Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul."
Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse. "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo."
- "Eu imagino", ela disse. "E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse."

Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã.
- "É claro!", ela respondeu. "Venha até aqui e chame a Sally.“
Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu: "Informações." Eu pedi para chamar a Sally.

"Você é amigo dela?", a voz perguntou.
- "Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul."

"Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas.“
Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:
- "Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?
- "Sim.“
- "A Sally deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler pra você."

A mensagem dizia:

"Diga à ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender."

Eu agradeci e desliguei.
Eu entendi...


NUNCA SUBESTIME A "MARCA" QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS
Autor Desconhecido

domingo, 7 de março de 2010

Vai Passar







Vai passar

Vai passar, tu sabes que vai passar.

Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”.

Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”.

Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.

Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor.

Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”.

E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.

Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam.

Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.

Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.

Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:

- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Reflexão


- Belíssima obra de Jim Warren -









"A vida é o oceano

A tristeza e a felicidade são os ventos

Os pensamentos são as pontas das montanhas, que se
erguem como ilhas

A vida de uma pessoa é o seu veleiro.

Uma pessoa em harmonia
É aquela que sabe usar os ventos
como força para se impulsionar,

usar as ilhas para o seu descanso na sua jornada,
apreciar o balanço das ondas, como elas devem ser,

E ao final da jornada,
abrir um sorriso e dizer:

a viagem valeu!


Uma pessoa em desarmonia

É aquela que sempre transforma os ventos numa tempestade,
Que ignora as ilhas, e as vêem como
obstáculos as suas jornadas,

Que acha que as ondas só podem estar no topo,

Que no fim da jornada apenas conta quantas vezes as ondas
desceram e quantas vezes o barco virou. "

Chao Lung Wen.


Preserve o autor