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Prática de Ksitigarbha - Situações de Perigo

Namo Budhaya Namo Dharmaya Namo Sanghaya Bodhisattva Ksitigarbha Bodhisattva Ksitigarbha, cuja compaixão, sabedoria e força es...

sábado, 27 de agosto de 2011

Valeu a pena ??? By Rose Colaneri and Rubem Alves








Sempre chega um momento em nossas vidas que nos questionamos: Valeu a pena?

Parafraseando Fernando Pessoa : Valeu a pena, se a alma não é pequena”. Cada um sabe quantas dores lhe cabe na alma e como as suporta, cada um sabe o que faz com aquilo que o fez sofrer ou sorrir. Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é (Caetano Veloso).

Nessas experiências de vida é que tomamos consciência do poder da força e da fé que possuímos, ou não, do amor que temos dentro de nós e de sua potência perante os desafios, descobrimos o quão grande é a fragilidade de ser e estar, e quanto pesa a dor da escuridão da alma...

dos silêncios...desencontros...abandonos...solidão...desamor...

e o encontro consigo mesmo.

Muitos se perderam no caminho para depois se encontrar, muitos se perderam no caminho somente para hibernar e nada mudar, muitos se perderam no caminho para realmente se perder...cada um conhece somente a dor que lhe cabe verdadeiramente, cada um sabe de si somente...

“Não importa o que fizeram com você.
O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”.
Jean Paul Sartre





Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!




Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa

Ninguém passa por sua vida sem deixar uma marca...algumas são feridas que doem e sangram, outras são o bálsamo que lhe ajudará a cicatrizar essas feridas, outras deixam seu perfume encantador e enriquecedora sabedoria. Algumas marcas somem com o tempo...outras ficam como cicatrizes bem visíveis como prova de aprendizado para que não se repitam os mesmos erros...outras...as marcas do bem ficam eternas como perfume no ar...que a qualquer momento pode voltar a ser exalado...Às pessoas que por vezes passam tão rapidamente por nós dando exemplos de amor e superação devemos toda gratidão e carinho, essas são as verdadeiras conquistas pessoais, que ficam marcadas no coração...mesmo que passem como um relâmpago, um momento fugaz, mas são momentos de êxtase profundo que sobreviverão para sempre na memória e na saudade...

Esses breves instantes de vida, os bons, é que devem ser valorizados intensamente...são neles que moram nossas melhores recordações, neles residem nossa saudade hoje, porque saudades só sentimos daquilo que foi bom, mesmo que tenha sido por um instante ou por mais tempo. O que importa é na verdade termos a consciência que tudo é efêmero existencialmente, mas eterno na lembrança de nossos corações, emoções...que o eterno dentro de nós só abrigue as emoções do amor e nunca as de mágoas!

Pessoas entram e saem de nossas vidas, procure deixar nelas a melhor impressão de caráter, de lealdade, honestidade, bondade, respeito, amor, carinho, ternura...é isso que faz de você uma pessoa especial que certamente Vale a pena !!!!!

Porque a vida acontece agora no hoje...amanhã pode não existir , não deixe ninguém com mágoa de você...poderá não haver outro momento para curar feridas!!! Faça sempre Valer a pena!!!!!!!!!!!!

By Rose Colaneri


"Só é possível transformar-se na medida em que já se é."
Friedrich Novalis




Não compares tua vida com a dos outros. Não tens idéia do caminho que eles andaram”.

“Antes de me julgar, ande com as minhas sandálias”.

*.*



Por Rubem Alves




Ali estávamos nós quatro: você, eu, I-Ching e Beethoven. As moedas iam marcando a direção do oráculo-luz para sua pergunta. Mas você não sabia que há perguntas para as quais o livro dos oráculos não tem respostas. Porque ele foi escrito para aqueles que, diante do escuro do futuro, procuram um conselho de prudência:
Que fazer?

O livro não diz o que vai acontecer, porque ele não sabe. Suas respostas são como a previsão do tempo: tempo bom com nebulosidade; tempo instável, sujeito a chuvas; temperatura em declínio, aproxima-se um furacão… Ninguém que navega em barca a vela se atreve mar adentro sem antes lançar suas moedas e perguntar ao tempo o que o futuro reserva. Os que ignoram as advertências do tempo poderão pagar com a vida. Ulysses Guimarães pagou. Nunca mais foi achado. Acostumado ao poder, achou que poderia desafiar o tempo. Perdeu. Assim é o I-Ching: um oráculo que anuncia o tempo do Tao.

Tao é o nome do mar onde a vida navega. Cedia Meireles entendia:

Muitas velas, muitos reinos, âncora é outro falar, tempo que navegaremos não se pode calcular…

Não é possível derrotar o mar absoluto com os remos que temos nas mãos. É preciso fazer como quem navega: levantar as velas, direcionar o leme, e deixar-se levar pelo vento misterioso da vida…Mas você não estava pedindo um conselho de prudência sobre o futuro. Você pedia uma palavra de sabedoria sobre o passado.

Valeu a pena?

Tantos rochedos, tantas tempestades, tantas velas rasgadas e recosturadas, tantos mastros quebrados e consertados… Valeu a pena? E eu senti, na sua pergunta, uma outra mais terrível – se não teria sido melhor ter naufragado…E o I-Ching não soube que resposta dar. Talvez porque a resposta já estivesse no ar,um hexagrama inexistente onde estivesse escrito: Pergunta ao Beethoven!Já na cama, eu perguntei ao Beethoven. A gente estava ouvindo o último movimento da Nona Sinfonia.

Por várias vezes a orquestra cantara o tema, começando com os veludos dos violoncelos, os ouvidos tinham de prestar atenção, pois a música parecia um sussurro. Aos poucos os outros instrumentos foram acordando, saindo do seu silêncio, até que todos se puseram a tocar com força sobre-humana. Talvez este tenha sido o esforço supremo de Beethoven para ouvir aquela beleza perfeita que só ouvia com a alma, pois seus ouvidos já nada ouviam.

Valeu a pena?

A orquestra, então, como um golpe de marretas, uma cadência trágica e furiosa, interrompe a beleza celestial do tema num grito de revolta que diz: Não, não valeu a pena! Ao final, parece que o trágico leva a melhor. Mas isso era resposta que Beethoven não podia aceitar, ainda que fosse oráculo de I-Ching. E ele pede socorro de alguém maior que todos os oráculos. Ele chama um poeta. O poeta vem e canta sobre o trágico canto, o seu canto de alegria:

Oh! amigos – não cantemos assim: Cantemos com prazer maior, com mais alegria! Alegria! Alegria! Centelha de Deus! Todas as criaturas bebem dela, nos seios da natureza.

Faz muitos anos eu li o livro Lições de Abismo, de Gustavo Corção. É a história de um homem, nos seus 50 anos, que descobre que tem apenas mais seis meses de vida. Sem tempo para construir o futuro, ele olha para trás, na tentativa de ouvir alguma melodia que se tivesse anunciado em meio às dissonâncias de sua vida. E se perguntava:



Valeu a pena?



Que bom seria se fôssemos como uma sonata de Mozart, só 20 minutos, mas nesses minutos tudo o que é para ser dito, é dito!

Coitado! Ele não percebeu que a vida de alguém não se mede pelo número de anos vividos, da mesma forma como a beleza não pode ser medida pela duração da melodia. Beethoven disse tudo o que era para ser dito em 50 minutos. Mozart dizia o essencial em 20minutos. E Milton Nascimento faz a mesma coisa em quatro minutos. A Adélia Prado precisa apenas de 30 segundos. Blake dizia que a eternidade mora num grão de areia e pode ser contida na palma da mão. Com o que Borges concorda:

A vida é feita de momentos .

Valeu a pena?

A sua pergunta está respondida nos curtos momentos da Nona Sinfonia.

Curtos, mas destinados à eternidade.

“Cada momento de alegria, cada instante efêmero de beleza, cada minuto de amor, são razões suficientes para uma vida inteira. A beleza de um único momento eterno vale a pena de todos os sofrimentos”.







terça-feira, 2 de agosto de 2011

Beethoven - Ode à Alegria











Namaste!

Quem me conhece sabe que gosto muito de músicas (excessivamente, na verdade) , MÚSICAS DE QUALIDADE, e entre as muitas que ouço diariamente estão as clássicas. Sim, eu não passo um dia sequer sem ouvir músicas, se por acaso demoro a fazer isso, meu corpo vai entrando em abstinência, e necessito urgentemente ouvir uma boa música. Há muitos estudos por trás desse mundo de sons que comprovam que as boas músicas e saber ouvi-las, faz muito bem ao nosso corpo mental e emocional e conseqüentemente para o físico. Já dizia o Uexküll: “Todo corpo é uma música que se toca”. E é claro cada pessoa tem suas preferências e assim seus gostos são inerentes à sua busca.

Rubem Alves cita muito em seus textos o gosto por músicas clássicas dentre elas as de Bach. Ele diz: A música me faz sair do meu mundo medíocre e entrar num outro,de beleza e formas perfeitas...Ouvir música é oração...Música é parte de mim.
Para me conhecer e me amar é preciso conhecer e amar as músicas que eu amo."

Friedrich Nietzsche também fala sobre a música: “Sem a música, a vida seria um erro”.
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”.

Entre os compositores clássicos, tenho um “amor” maior por Beethoven, e busco conhecer melhor sua vida e obra. Indico os livros “Beethoven de Edmund Morris”, A música e a vida de Beethoven - Lewis Lockwood, e filmes como “Minha Amada Imortal e O Segredo de Beethoven.

Toda obra de Beethoven tem grande importância terapêutica e nisso encontro uma grande sincronicidade entre minha “preferência” a ele e meu trabalho terapêutico, eu não sabia disso quando comecei a ouvir suas obras e me encantar cada vez mais.

Completamente surdo Beethoven em seu mundo sem sons, fez surgir em seu pensamento a 9ª Sinfonia – Sinfonia que canta a alegria da vida, nascida do silêncio dos sons que não existiam. A 9ª sinfonia nos permite um contato mais "refinado" com a consciência!!

Hoje, vou postar no blog somente um resumo biográfico da vida desse grande compositor e um vídeo cantado lindamente por uma cantora que aprecio muito Nana Mouskouri do trecho da Nona Sinfonia - Ode à Alegria.

Feche os olhos, aquiete a mente e o coração e absorva cada partícula emitida pelos sons divinos do grande BEETHOVEN.

É no silêncio da alma que encontramos a verdadeira beleza, um mundo onde só há espaço para o encanto, a beleza abstrata, pois é na alma que mora o divino em nós.


Rose Colaneri


Músico alemão
LUDWIG VAN BEETHOVEN
16/12/1770 - Bonn, Alemanha
26/03/1827 - Viena, Áustria
uol educação


"Escutar atrás de si o ressoar dos passos de um gigante". Esta foi a definição que o compositor Johannes Brahms deu à Nona Sinfonia de Beethoven.

Beethoven era alemão, mas seu nome de família mostra a ascendência holandesa. A palavra "bettenhoven" significa canteiro de rabanetes e é o nome de uma aldeia na Holanda. A partícula "van" também é bastante comum aos nomes holandeses. O avô do compositor era da Bélgica e a família Beethoven estava há poucas décadas na Alemanha na época do nascimento de Ludwig.

O avô Beethoven trabalhava como diretor de música da corte de Colônia e era um artista respeitado. Seu filho, Johann, pai de Ludwig, o seguiu na carreira, mas sem o mesmo êxito. Johann percebeu que o pequeno Ludwig tinha talento e tratou de obrigar o filho a estudar muitas horas por dia.

Ludwig deixou a escola com apenas 11 anos e aos 13, já ajudava no sustento da casa, trabalhando como organista, cravista, músico de orquestra e professor. Era um adolescente introspectivo, tímido e melancólico, freqüentemente imerso em devaneios.

Em 1784, Beethoven tornou-se amigo do jovem conde Waldstein, que notou o talento do compositor e o enviou para Viena, na Áustria, para que se tornasse aluno de Mozart. O breve relacionamento entre os dois compositores, porém, é incerto e pode nem ter acontecido, segundo algumas fontes. Em duas semanas, Beethoven voltou para Bonn, devido à morte da mãe.

Começou então a fazer cursos de literatura, como uma forma de compensar sua falta de estudo. Teve contato com as fervilhantes idéias da Revolução Francesa e a literatura pré-romântica alemã de Goethe e Johann Schiller. Esses ideais se tornariam fundamentais na arte de Beethoven.

Em 1792, Beethoven partiu definitivamente para Viena, novamente por intermédio do conde Waldstein. Dessa vez, Ludwig havia sido aceito como aluno de Haydn - a quem chamaria de "papai Haydn". Beethoven também teve aulas com outros professores.

Seus primeiros anos vienenses foram tranqüilos, com a publicação de seu Opus 1, uma coleção de três trios, e a convivência com a sociedade aristocrática vienense, que lhe fora facilitada pela recomendação do conde. Era um pianista de sucesso e soube cultivar admiradores.

Surgiram então os primeiros sintomas da surdez. Em 1796, na volta de uma turnê, começou a queixar-se, e teve o diagnóstico uma congestão dos centros auditivos. Tratou-se com médicos e melhorou sua higiene, a fim de recuperar a boa audição. Escondeu o problema de todos.

Em 1802, por recomendação médica, foi descansar na aldeia de Heilingenstadt, perto de Viena. Em crise, escreveu o que seria o seu documento mais famoso: o "Testamento de Heilingenstadt". Trata-se de uma carta, originalmente destinada aos dois irmãos, que nunca foi enviada, onde ele reflete, desesperado, sobre sua arte e a tragédia da surdez.

O suicídio era um pensamento recorrente. O que o fez mudar de idéia foi encarar a música como missão: "Foi a arte, e apenas ela, que me reteve. Ah, parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim."

Só em 1806, Beethoven revelou o problema, em uma frase anotada nos esboços do Quarteto n° 9: "Não guardes mais o segredo de tua surdez, nem mesmo em tua arte!".

Beethoven nunca se casou e sua vida amorosa foi uma sucessão de insucessos e de sentimentos não-correspondidos. Apenas viu realizado um amor correspondido. A revelação está na "Carta à Bem-Amada Imortal", escrita em 1812. A identidade dessa mulher nunca ficou clara e suscitou muitas especulações. Um de seus biógrafos concluiu que ela seria Antonie von Birckenstock, casada com um banqueiro de Frankfurt.

Em 1815, o irmão de Ludwig, Karl, morreu deixando um filho de oito anos para ele e a mãe da criança cuidarem. Beethoven lutou na justiça para ser seu único tutor e ganhou a causa.

Beethoven passou os anos seguintes em depressão, mas, ao sair dela em 1819, deu início a um período de criação de obras-primas: as últimas sonatas para piano, as "Variações Diabelli", a "Missa Solene", a Nona Sinfonia e, principalmente, os últimos quartetos de cordas.

Foi em plena atividade, cheio de planos para o futuro (uma décima sinfonia, um réquiem, outra ópera), que ficou gravemente doente - pneumonia, além de cirrose e infecção intestinal. Morreu no dia 26 de março de 1827.

Beethoven é reconhecido como o grande elemento de transição entre o Classicismo e o Romantismo.

Estudiosos costumam dividir a obra beethoveniana em três fases. A primeira incluiria as obras escritas entre 1792 e 1800. A segunda fase corresponderia ao período de 1800 a 1814, marcado pela surdez e pelas decepções amorosas. São características dessa fase obras como a sinfonia "Eroica", a "Sonata ao Luar" e os dois últimos concertos para piano. A última fase, de 1814 a 1827, ano de sua morte, seria o período das obras monumentais: a Nona Sinfonia, a "Missa Solene", os últimos quartetos de cordas.

A obra de Beetoven inclui uma ópera ("Fidelio"), música para teatro e balé, missas; sonatas; cinco concertos para piano, um para violino e um tríplice, para violino, violoncelo e piano; música de câmara (os quartetos de cordas) e nove sinfonias.

A Sinfonia n° 3, "Eroica", foi planejada para ser uma grande homenagem a Napoleão Bonaparte. A Nona, talvez a obra mais popular de Beethoven, marcou época. Sua grande atração é o final coral, com texto de Schiller, a "Ode à Alegria".





A 9ª Sinfonia no Filme “ O segredo de Beethoven”



A 9ª Sinfonia no filme "Minha Amada Imortal"

domingo, 24 de julho de 2011

A humildade do Mestre
















A Humildade do MestrePor Denys Bernard

Uma vez existiu na China um homem que, sendo possuidor de uma imensa bondade, levava uma vida pura e em harmonia com todos os seres da natureza.
Até que um dia, Deus enviou um anjo para falar com ele, e lhe disse:
- Deus quer compensá-lo por suas boas ações.

- Não é necessário - respondeu o homem.
- E se você tivesse o Dom de curar? - perguntou o anjo.
- De maneira alguma! - disse ele - Eu não saberia como distinguir quem merecesse ou não ser curado.
- E se possuísse o Dom da palavra que transforma? - insistiu o anjo - Você poderia atrair as pessoas para o caminho da Verdade.
- Não quero ser venerado por ninguém. Gostaria de continuar sendo uma pessoa simples - foi a resposta.

- Preocupado, o anjo disse:
- Não posso voltar para de onde vim sem antes ter lhe concedido uma graça, um milagre ou um Dom. Se você não escolher, será obrigado a aceitar qualquer um.
O homem pensou por um momento, e disse:
- A partir de hoje, gostaria que o Bem que eu possa fazer ninguém perceba que fui eu - e acrescentou - Nem mesmo eu devo saber; alimentaria a minha vaidade.
Satisfeito, o anjo fez um gesto e a sombra do homem passou a ter o poder de abençoar e de curar. Mas isto só aconteceria quando seu rosto estivesse na direção do sol. Desta forma, por onde ele fosse, os doentes seriam aliviados, a terra seca se tornaria fértil e as pessoas tristes voltariam a sorrir.

Este homem caminhou muitos anos pela Terra sem jamais saber dos milagres que realizava, pois quando o sol batia em seu rosto sua sombra sempre estava detrás dele.
Assim, ele viveu e morreu sem nunca ter consciência da sua própria Santidade.

* * * * *

O nome deste personagem era Lao Tsé. Viveu na China no século V a.C. num período em que o país enfrentava muitas guerras e problemas políticos.
Morou sempre sozinho, mas sempre recebia a todos com amor. Não teve seguidores, nem nunca os permitiu. Defendia a liberdade de crença e não acreditava em diferenças sociais. Não gostava de honrarias. Sempre que possível, evitava ter de ir ao Palácio Real quando o príncipe o chamava.

Dotado de uma sensibilidade extraordinária, gostava de receber o amanhecer caminhando pelo bosque, respirando e meditando com a brisa matinal. Contam que nessas caminhadas houve um soldado que o seguia de longe. Seu nome era Lin Hsi, e admirava Lao Tsé pela paz que fluía da sua pessoa.

Ao alcançar uma idade avançada e pressentindo que a China seria invadida pelos mongóis, Lao Tsé decidiu deixar o Império saindo pelo portão Oeste, rumo à Ásia central. Foi quando o soldado Lin Hsi o tomou como prisioneiro.

- Amigo, sou muito velho para participar da guerra. - disse Lao Tsé.
- Não queira me enganar! - disse o soldado - Sei quem você é! Durante anos segui-o pelo bosque nas suas caminhadas ao amanhecer. Os milagres aconteciam sob sua sombra por onde você passava. Portanto, você deve ser um santo, um mestre ou um sábio.
- Agora o reconheço, - disse Lao Tsé - algumas vezes senti sua presença, ao longe, no bosque.

O soldado o levou até sua casa, e disse:
- Registre para mim um pouco da sua sabedoria. Não quero que a História deixe de saber quem foi Lao Tsé. Escreva um livro antes de partir. Enquanto isso será meu prisioneiro.
É claro que ficaram amigos e Lao Tsé se tornou seu hóspede. Após um pernoite, escreveu 5000 palavras que chamou de "TAO TÉ CHING" ou "Livro do Caminho Perfeito". A sua linguagem misteriosa e condensada, não admite leitura superficial, pois só vai sendo revelada aos poucos conforme o leitor abre seu coração à Verdade.

A partir do livro surgiu o "Taoísmo", filosofia que inspirou Confúcio, serviu de base do Budismo Ch’an ou Zen, e cuja influência é indiscutível no pensamento da China.
Talvez a maior virtude de Lao Tsé fosse a humildade. Ele dizia:
- SABEIS PORQUE O MAR E OS RIOS SÃO SUPERIORES AOS RIACHOS DAS MONTANHAS? POIS, PORQUE SABEM MANTER-SE SEMPRE ABAIXO DELES.Conhecedor profundo do ser humano, sabia que todos vivemos em dois mundos paralelos: o mundo exterior e o mundo interior ou sutil. Às vezes, o passado se torna mais importante que o presente. Às vezes, o sonho é mais real que a realidade.
Nos escritos de Chuang Tsú, mestre taoísta do século III a.C., narra-se um sonho que teve Lao Tsé, descrito com seus próprios versos:
"SONHEI QUE ERA BORBOLETA.
E FOI UM SONHO TÃO REAL
QUE AO ACORDAR,
EU NÃO SABIA MAIS
SE ERA UM HOMEM
QUE SONHOU QUE ERA BORBOLETA
OU UMA BORBOLETA
SONHANDO QUE ERA HOMEM".

sábado, 11 de junho de 2011

Ahimsa - Fim à violência contra a Mulher - Roseli Colaneri - Maria de Fátima Jacinto



Há tantas formas de desamor... há tantas maneiras de machucar uma mulher... 

Não é somente a violência física que marca a vida de uma mulher que passa por essa humilhante, desumana, triste, e tão dolorida demonstração de domínio, prepotência, sarcasmo,arrogância, maldade, mas acima de tudo PSICOPATIA masculina. 

Para quem nunca pensou nas várias formas de violência praticadas contra a mulher, a violência psicológica é a que mais deixa sequelas emocionais, muitas vezes difíceis de curar...e ela não vem sozinha, porque quem agride psicologicamente já fez ou ainda agredirá fisicamente... 

Homens muito doentes, torturadores, psicopatas enrustidos atrás de uma voz suave, um grande poder de seduzir, é sempre um mentiroso em potencial, mascarado... passam anos construindo uma imagem para os outros de bom homem, caridoso, generoso, mas que em seu convívio familiar destrói tudo o que toca...

Até quando as mulheres serão agredidas, violentadas, mortas por esses homens tiranos, absolutamente fracassados, inseguros, violentos, doentes, insanos, sociopatas, psicopatas??

Todos os dias, milhares de mulheres são assassinadas,espancadas, estupradas, agredidas com palavrões, preconceitos, racismos, são roubadas em seus direitos materiais por ex-maridos, companheiros, que na verdade são terríveis psicopatas torturadores...quando a justiça vai realmente agir e nos devolver a dignidade merecida?

Até quando tudo isso continuara impune?

Até quando??

Poderia escrever folhas e folhas sobre o assunto, mas, hoje me limitarei somente a copiar um excelente texto escrito pela linda Maria de Fátima Jacinto.





O inimigo não mora ao lado...ele dorme do lado! 



Rose Colaneri



* * *




A (in)Justiça da Violência Psicológica por Maria de Fátima Jacinto.



É necessário e urgente uma busca sistematizada para investigar e caracterizar condutas socialmente desviantes e atentatórias da liberdade, dignidade e independência pessoais, da mulher.

Entretanto, uma reflexão sobre á realidade há muito percebida, e evidente de um todo que, por razões culturais e sociais, até agora era comumente aceita como fazendo parte da “normalidade” entre pessoas ligadas pelos laços afetivos ou, mais simplesmente, por laços de intimidade, em namoros, casamentos ou relações de fato. Bastará uma simples pesquisa na memória de nossas avós e até de nossas mães, ou relembrar os conteúdos de alguns filmes ou letras de algumas musicas tradicionais para se perceber quão antiga é esta prática, até há pouco, esmagadoramente, da responsabilidade dos homens.

Há uma geração, ou duas, atrás, a própria definição de um “bom marido”, nas classes mais populares, nem sequer contemplava a ausência desta tendência ou manifestação evidente como uma “qualidade” melhor classificada na hierarquia: primeiro estaria o ser trabalhador e “amigo de trazer para casa”, segundo o de não ser bêbado e de não bater na mulher...

Embora se continue a valorizar mais a agressão física na violência doméstica, pelas razões óbvias das suas conseqüências visíveis (e ultimamente a contribuírem assustadoramente para a dramática estatística dos homicídios qualificados), o “abuso emocional”, excluindo o risco de vida imediato, mesmo sendo causa relativamente freqüente de suicídios, tem, quase sempre, conseqüências trágicas na vida emocional e afetiva das vitimas.

O abuso emocional, tal como qualquer outra ação psicológica que vise a destruição da identidade individual, da dignidade, da auto-estima e da liberdade, cujo exemplo mais comum é a chamada “lavagem cerebral”, pretende alcançar o domínio e o controle sobre a pessoa abusada através do medo; da restrição indireta ou direta da sua liberdade e da imposição de um clima de coação emocional tendente a submergir a vontade individual, a modelar comportamentos e atitudes conformes aos desejos do abusador, a provocar o isolamento familiar, social e afetivo e a criar uma dependência absoluta em relação ao agressor, pela desvalorização do seu “eu” global, das suas idéias, atitudes, sentimentos e comportamentos. As ameaças de violência física, da exposição pública das hipotéticas falhas ou defeitos ou até do abandono tumultuoso da relação, com versões de homicídio ou suicídio, numa evidente chantagem emocional; o terror infundido através de constantes crises de violência verbal ou violência sobre objetos; o desprezo ostensivo perante queixas ou lamentações e a ignorância dos sentimentos; o aviltamento em relação aos saberes ou práticas culturais ou domésticas; o controlo permanente (policiamento) sobre as atividades e, por vezes, as humilhações sexuais acabam por conduzir a vitima a um estado de submissão, marcado permanentemente pela necessidade de não importunar ou provocar explosões de mau humor no agressor, anulando assim progressivamente, a própria existência autônoma.

Por vezes sucede de modo comum com outras situações de elevado stress, violência e dependência, que a vítima acaba por se “identificar” com o agressor, desculpando-o, “compreendendo-o” e defendendo-o de terceiros, racionalizando assim “patologicamente” a situação de “vitimização” que, às vezes, o agressor assume no casal, invertendo paradoxalmente as posições de vítima e carrasco. Nesta fase, sem uma intervenção exterior, o ciclo do abuso emocional tenderá a perpetuar-se sem esperança nem apelo.

As armas utilizadas na destruição da identidade da vítima são, como já foi referido, a violência, em múltiplas formas, claras ou dissimuladas; o sarcasmo, o ridículo, a mentira ou distorção grosseira da verdade; o isolamento familiar, social e afetivo; a discriminação, a depreciação, a humilhação e a indiferença pelos sentimentos e o desprezo pela pessoa; o abuso sexual, o controlo absoluto de todos os passos e a vitimização, com inversão dos papéis. Por vezes, o contexto em que se desenrolam todas estas agressões formata-se como uma relação de senhor(a)/criada(o) ou patrão(patroa)/empregada(o), explorando apenas as utilidades do casal mas sem lhe conceder laços afetivos.

Convém salientar que as conseqüências para o abusado não se extinguem nas seqüelas psicológicas do abuso: frequentemente as conseqüências estendem-se às perturbações psicossomáticas, às cefaléias, à depressão e às doenças infecciosas “oportunistas”, típicas de sistemas imunitários enfraquecidos, no caso, por sujeição a stress constante e, eventualmente, má nutrição e sono de má qualidade.
A questão premente que se coloca, entretanto, é a de saber porque é que o abuso emocional acontece.

Independentemente de causas psicológicas subjacentes, que têm, sempre, um peso importante, parece um dado adquirido que os fundamentos culturais, sociais, ideológicos e religiosos terão um papel preponderante nos comportamentos de abuso emocional. Seja por “respeitar” uma tradição, como a da subalternização moderada da mulher na herança judaico-cristã, ou radical, no islamismo; seja por uma visão conservadora e reacionária do homem sobre a mulher, também herdada da prática ancestral (estatisticamente é mais relevante o abuso por parte do homem); ou ainda porque o exercício do poder econômico, sem suportes éticos e morais facilmente extravasa para o exercício do poder pessoal arbitrário, estes fatores facilitam ou agem diretamente como desencadeantes do abuso.

Na atualidade, a manutenção e o agravamento destes comportamentos, em oposição a uma maior abertura sentida em relação à igualdade dos direitos do gênero e à defesa da individualidade radicam-se na impunidade social de que gozam (a abrangência das leis sobre a violência doméstica ainda não contempla o abuso emocional), e no espírito que governa a administração formal, ou informal, da justiça, tendenciosamente contrário às leis do condicionamento operante, que, como se sabe, influenciam de forma capital os nossos comportamentos, ao mantê-los e ao aumentar a sua freqüência se existirem reforços nas suas conseqüências (no caso, pelo prazer de dominar), ou a extingui-los ou debilitá-los se os resultados forem negativos (punição ou ausência de reforço).

Evidentemente que um comportamento que contempla um maquiavelismo comportamental terá que ter, nas variáveis psicológicas, também um determinante essencial.

O combate da agressão emocional á mulher, tenha este a composição que tiver e independentemente do sentido do gênero em que ocorra tem diversas frentes. Uma delas é, claramente, a intervenção legal.

A legislação tem que ser adequada a este tipo de agressões e a forma do seu reconhecimento divulgada amplamente em campanhas de informação. Para que a intervenção legal ocorra é, evidentemente, decisivo o conhecimento dos fatos, o que sugere uma grande necessidade de que este tipo de agressão seja bem tipificado e considerado “crime público”, o que aumenta as probabilidades da sua denúncia e tratamento jurídico..

Mas, é na prevenção que, nesta área, tal como em quase todas as outras situações de abuso deve incidir o maior esforço social, através de campanhas, oficiais ou oficiosas que, com maior ou menor complexidade filosófica ou prática transmitam, de forma impressiva que, na verdade, a origem deste e de muitos outros problemas de relacionamento social e afetivo reside no fato de não entendermos que, entre nós, somos todos iguais e de que, por essa razão, todos pertencemos uns aos outros.








domingo, 13 de março de 2011

Prática de Ksitigarbha - Situações de Perigo

Namo Budhaya
Namo Dharmaya
Namo Sanghaya
Bodhisattva Ksitigarbha


Bodhisattva Ksitigarbha,
cuja compaixão, sabedoria e força espiritual
são incomensuráveis.

Namaste!

Interessante que há semanas venho estudando sobre Ksitigarbha, praticando seus mantras, compilando textos de livros e sites, a partir de um pedido de um amigo que sentiu um chamado forte para trabalhar com a energia dele e agora Lama Zopa Rinpoche pede que façamos a pratica para ajudar o Japão nesse momento tao difícil  Como sou devota de Kuan Yin a Deusa da Misericórdia logo sintonizei com a energia compassiva desse Bodhisattva que é também conhecido como Deus da Misericórdia. Busquei dias e dias por conhecimentos e pude ao mesmo tempo trabalhar com o mantra. É indescritível a energia que Ksitigarbha emana.

Seus mantras são fortes, assim como Ele o é, porque lida com as trevas e todo sofrimento intenso. Vou colocar um pouco do que já consegui sobre Ksitigarbha e uma prática que foi nos enviada por Lama Zopa Rinpoche para que possamos ajudar nos casos de desastres naturais como o ocorrido no Japão.


Espero que muitos possam se beneficiar desse estudo e prática.

Que todos os seres de todos os mundos sejam livres dos sofrimentos e de suas causas!!!
Agradecimento sincero ao amigo que trouxe Ksitigarbha mais presente para esse momento de minha vida e ao amigo que me ajudou na busca de um dos mantras-audio!

* * *

Na China ele é conhecido como Zang Di Pu Sa ou Ti Tsan Pu Sa ou Ti Tsang
Ti = Terra
Tsan = tudo que é armazenado na terra – isso quer dizer que assim como a terra o Bodhisattva Ksitigarba “aceita e suporta” tudo.

No Japão é conhecido como Jizo.
No Tibet é conhecido como Sa-E Nyingpo ou Sai Nyingpo.
Em sânscrito seu nome é Ksitigarbha.


Geralmente o Bodhisattva Ksitigarbha é mostrado vestido com trajes de monge, de cabeça raspada. Às vezes é representado com uma coroa na cabeça com cinco pontas que representam os cincos Budhas Dhyani, como usam os monges tibetanos e chineses nos rituais tantricos.

Em sua mão direita traz um cajado que em sua parte superior possui 6 anéis representando ter alcançado as 6 Perfeições (cajado esse que ele usa para quebrar as portas do inferno e do sofrimento).
Em sua mão esquerda ele traz uma pérola de uma luz brilhante muito intensa que é capaz de iluminar toda existência afastando-a da dor – essa pérola é o tesouro do mundo.

A representação de Ksitigarbha Bodhisattva em pé é particularmente popular no Japão onde ele é conhecido por Jizo Bosatu.


Ksitigarbha é denominado "essência da terra".

O bodhisattva Kshitigarbha tem uma profunda relação com os seres da Terra - humanos e, especialmente, com os fantasmas famintos e seres do inferno. Porque esses são os mais difíceis de se levantar em uma condição mais afortunada, devido às suas ações prejudiciais anteriores , e por causa do seu voto passado para salvá-los todos, Kishitigarbha tem sido conhecido como o Mestre das Regiões das Trevas. "Se eu não for ao inferno para ajudá-los, quem irá?" é a famosa declaração popularmente atribuído a Kshitigarbha. Não importa o crime ou o carma, ele está disposto a ter uma conexão com qualquer ser, e para ajudar a libertá-los do sofrimento.

Um mantra extenso para Ksitigarbha
Este mantra é para ser usado para todas as dificuldades e problemas, é o melhor a fazer para qualquer problema em qualquer situação. Mesmo recitando quatro ou cinco vezes, apenas algumas vezes, é muito poderoso. Ele é poderoso para rezar ou apenas para pensar no nome do bodhisattva. É muito, muito poderoso.

CHHIM BHO CHHIM BHO CHIM CHHIM BHO
AKASHA CHHIM BHO
VAKARA CHHIM BHO
AMAVARA CHHIM BHO
VARA CHHIM BHO
VACHIRA CHHIM BHO
AROGA CHHIM BHO
DHARMA CHHIM BHO
SATEVA CHHIM BHO
SATENI HALA CHHIM BHO
VIVA ROKA SHAVA CHHIM BHO
UVA SHAMA CHHIM BHO
NAYANA CHHIM BHO
PRAJÑA SAMA MONI RATNA CHHIM BHO
KSHANA CHHIM BHO
VISHEMA VARIYA CHHIM BHO
SHASI TALA MAVA CHHIM BHO
VI AH DRASO TAMA HELE
DAM VE YAM VE
CHAKRASE
CHAKRA VASILE
KSHILI PHILE KARAVA
VARA VARITE
HASERE PRARAVE
PARECHARA BHANDHANE
ARADANE
PHANARA
CHA CHI CHA CHA
HILE MILE AKHATA THAGEKHE
THAGAKHI LO
THHARE THHARE MILE MADHE
NANTE KULE MILE
ANG KU CHITABHE
ARAI GYIRE VARA GYIRE
KUTA SHAMAMALE
TONAGYE TONAGYE
TONAGULE
HURU HURU HURU
KULO STO MILE
MORITO
MIRITA
BHANDHATA
KARA KHAM REM
HURU HURU






  Leva-se pouco tempo para acompanhar perfeitamente o canto com a pronúncia correta.
Nada impede que toquemos em som audível para que a energia propague no ambiente também.

Há também um mantra de Ksitigarbha Bodhisattva para erradicar os carmas negativos. Todos nós temos nossas parcelas a erradicar nessa vida. Que possamos com todo respeito cantar para esse Ser de Compaixão para que possamos purificar nossos corpos e seguir rumo ao Nirvana.


Mantra para Erradicar carmas negativos
Om bō là mò lín tuó níng suō pó hē
Namo TI Tsang Wang PUSA em chinês





Existem dois lugares conhecidos como Terras Puras de Ksitigarbha Bodhisattva. Na Índia é chamado de Kharadiya Mountain que fica perto da antiga cidade de Gaya. O outro lugar é Chiuhua Mountain, uma das quatro montanhas mais famosas da China, fica na província de Anhui na China Oriental. É o destino popular dos peregrinos que querem oferecer dedicatórias à Ksitigarbha Bodhisattva.

Foi nessa montanha que Buda certa vez fez um discurso sobre Ksitigarbha Bodhisattva. Pouco antes de começar o discurso alguns acontecimentos surpreenderam os que lá estavam. As nuvens faziam formas fantásticas ao redor da montanha e as pessoas estavam decoradas com jóias e flores e outros ornamentos. Buda disse à todos que tudo estava realmente acontecendo. O esplendor das jóias brilhou em todas as direções para a Terra Pura de outros budhas.

Um monge chamado Chin-Chao Chueh viveu nessa montanha com um cachorro branco. Diz-se que de dia ele ensinava budismo aos discípulos e seguidores leigos e à noite ensinava para os fantasmas e almas sofredoras do inferno.

Por isso acredita-se que ele seja uma manifestação de Ksitigarbha Bodhisattva. Quando de sua morte os discípulos construíram na montanha um templo em sua homenagem.


Que todos possam se beneficiar desse texto e dos mantras!

Texto By Rose Colaneri

Seja educado repasse com autoria. Respeite!


Abaixo texto de Lama Zopa Rinpoche para a prática em benefício aos que sofreram desastres naturais recebida por email:


Meus queridos,
Lama Zopa Rinpoche pediu que eu enviasse esta mensagem para todos os Centros e alunos que
possam ser afetados pelo tsunami [de 11/03/2011 no Japão].
Rinpoche aconselha recitar o mantra e orações de Ksitibharba e também recitar os mantras-nome dos Budas, tomando um refúgio forte e fazendo preces firmes.
Rinpoche disse que isto é benéfico para os outros que estão sendo afetados, e até mesmo se você não estiver.
Com amor
Holly


Oração e Mantra de Guru Shakyamuni



La ma tön pa chom dän dä
De zhin sheg pa dra chom pa
Yang dag par dzog päi sang gyä
Päl gyäl wa shakya thub pa la
Chhag tshäl lo chhö do kyab su chhi wo
Jin gyi lab tu söl


Ao guru, o fundador, bhagavan, tathagata, arhat,
buda perfeitamente realizado,
glorioso conquistador Buda Shakyamuni,
eu me prosterno, faço oferecimentos, e busco refúgio.
Por favor, conceda-me as suas bênçãos.

Prática de Kshitigarbha


Eu me prosterno, busco refúgio, e faço oferecimentos ao bodhisattva Kshitigarbha, que possui
uma compaixão incomparável por mim e por todos os seres sencientes sofredores cujas
mentes estão obscurecidas, que possui qualidades semelhantes ao céu, que libera os seres
sencientes de todos os sofrimentos e concede toda felicidade. Por favor, conceda-nos as suas
bênçãos! (3x)

Com as mãos unidas em prosternação, você pode visualizar que está se prosternando a todos
os budas e bodhisattvas – que se tornam prosternações quando você pronuncia a palavra
“prosternação.” Quando você diz “refúgio,” pense que você está pedindo para se libertar dos
dois obscurecimentos (para ser capaz de alcançar a iluminação). Quando você diz a palavra
“oferecimentos,” pense que todos os oferecimentos que você tem e depois ofereça.

Então, quando você pedir “bênçãos,” leve à mente o caminho complete até a iluminação – esta é a bênção que
será recebida.Portanto os vastos benefícios deste mantra serão traduzidos.Este é o mantra que Ksitigarbha
ouviu de budas em número iguais aos grãos de areia do rio Ganga (o rio Ganges na Índia). Ele fez
oferecimentos a eles e depois recebeu este mantra. Esta é a estória do mantra – como receber todos os benefícios.


Este mantra deve ser usado em quaisquer dificuldades ou problemas. É o melhor a ser usado para qualquer
problema em qualquer situação. Recitá-lo até mesmo somente quatro ou cinco vezes – umas poucas vezes – é
muito poderoso. O mantra fala muito do poder, demonstrando como o bodhisattva é importante. Mesmo recitar
ou simplesmente pensar no nome do bodhisattva é muito, muito poderoso.

2
Mantra Longo:


CHHIM BHO CHHIM BHO CHIM CHHIM BHO / AKASHA CHHIM BHO / VAKARA
CHHIM BHO / AMAVARA CHHIM BHO / VARA CHHIM BHO / VACHIRA CHHIM
BHO / AROGA CHHIM BHO / DHARMA CHHIM BHO / SATEVA CHHIM BHO /
SATENI HALA CHHIM BHO / VIVA ROKA SHAVA CHHIM BHO / UVA SHAMA
CHHIM BHO / NAYANA CHHIM BHO / PRAJÑA SAMA MONI RATNA CHHIM BHO /
KSHANA CHHIM BHO / VISHEMA VARIYA CHHIM BHO / SHASI TALA MAVA
CHHIM BHO / VI AH DRASO TAMA HELE / DAM VE YAM VE / CHAKRASE /
CHAKRA VASILE / KSHILI PHILE KARAVA / VARA VARITE / HASERE PRARAVE /
PARECHARA BHANDHANE / ARADANE / PHANARA / CHA CHI CHA CHA / HILE
MILE AKHATA THAGEKHE / THAGAKHI LO / THHARE THHARE MILE MADHE /
NANTE KULE MILE / ANG KU CHITABHE / ARAI GYIRE VARA GYIRE / KUTA
SHAMAMALE /TONAGYE TONAGYE / TONAGULE / HURU HURU HURU / KULO
STO MILE / MORITO / MIRITA / BHANDHATA / KARA KHAM REM / HURU HURU

Mantra Curto:OM AH KSHITI GARBHA THALENG HUM

Louvor de Buda a KshitigarbhaVocê gerou a estabilidade de pensamento e o pensamento puro e altruísta da bodhichitta e
eliminou os sofrimentos de imensuráveis seres sencientes. Eu vejo (os seres sencientes)
recebendo felicidade como a vinda da jóia que realiza desejos, e que com o vajra você corta as
redes das dúvidas dos seres. Você faz oferecimentos santos aos destruidores de inimigos e aos
qualificados idos além, com o pensamento e a perseverança da grande compaixão. Você libera
os seres sencientes de seus sofrimentos com oceanos de sabedoria. Por não ter qualquer medo
(delusões), você foi além do samsara.

Brahma ouviu este mantra e depois disse para toda a assembléia, “Por favor, rejubilem-se com
o mantra que eu acabei de dizer.”
E Buda disse, “Muito bom, muito bom.”
Esta prática é especialmente benéfica para aqueles que estão com problemas pesados, sérios problemas de saúde, grandes projetos, ou dificuldades financeiras. Eu o sugiro como extremamente poderoso para ser recitado todos os dias para proteção, pelo menos quatro ou cinco vezes, ou mais, dependendo de quão crucial seja a situação.

Esta prática é eficaz até para as lavouras crescerem bem e para proteger a terra e as lavouras. No sutra do bodhisattva Kshitigarbha estão explicados os benefícios e as qualidades: eles são como céus de benefícios a todos os seres. Houve experiências e benefícios similares (àqueles mencionados no sutra) que foram recebidos por praticantes de Kshitigarbha.
Colofão:
Esta prática foi compilada e ditada para Getsul Thubten Nyingje por Lama Zopa Rinpoche em Madison, Wisconsin, em 30 de
junho de 1998 e subsequentemente verificada. Ligeiramente editada por Murray Wright e Kendall Magnussen, na Land of
Medicine Buddha, em 24 de agosto de 1998. Foi revisada dia 05 de abril de 1999 em Aptos, CA, EUA. Edições adicionais,
FPMT – Serviços de Educação, agosto de 2000. Mantras verificados junto ao tibetano e maiores revisões concluídas em 31
de outubro de 2001. Traduzido para o português pelo Escritório de Traduções da FPMT-Brasil em 11 de março de 2011.

Você não está só porque o tempo inteiro há incontáveis Budas e Bodhisattvas ao seu redor, em todos os lugares, amando-o e guiando-o, é isso o que eles fazem.
~ Lama Zopa Rinpoche

sábado, 16 de outubro de 2010

Receita de Mulher By Rose Colaneri e A nudez de Martha Medeiros









Receita de mulher
“As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”.

*Vinícius de Moraes*

Será ??

Quando eu era criança e assistia aos filmes de Rita Hayworth (imagem) desejava ser bonita como ela...com a adolescencia, descobri que para isso eu teria que nascer novamente, ou fazer mil cirurgias plásticas... na minha inocência infanto-juvenil eu achava que para ser feliz era necessário ser bonita. O tempo passou e a vida me mostrou que beleza não é fundamental, me desculpe Vinícius, mas beleza muitas vezes pode ser sinônimo de infelicidade...quantas mulheres bonitas só são vistas por fora?

Quantas mulheres bonitas são amadas ou melhor, desejadas somente pela atração física que sua beleza exerce? E esses relacionamentos são tão vazios e acabam tão rapidamente quanto começam ou se tornam totalmente destrutivos, aos poucos minam a beleza, minam a alegria, minam a vontade de viver da “bela”. Poucas pessoas buscam a essência, poucas são as que conseguem enxergar, que uma pessoa é bonita não pelo que é por fora, que é efêmero...mas uma pessoa é bonita pela bagagem que carrega na alma...esse sim é o verdadeiro diagnóstico de beleza humana! As ações realizadas no bem, a gratidão, a fé, a compaixão, a caridade, saber amar, ser verdadeira, leal, honesta, esses são os verdadeiros conceitos de beleza...e essa beleza é eterna, fica impregnada na alma de quem exerce ...


Desculpem-me as bonitas só por fora, mas beleza interior é fundamental ...

Fundamental é se despir das máscaras, escancarar a ternura, demonstrar amor, afeto, carinho, "ser" e não “ter”...
Fundamental é buscar aprendizados, exercitar o cérebro e não só o corpo...

Fundamental é não ser perfeita, é se despir do orgulho e saber compreender e muitas vezes aceitar o que é, e não o que seu coração deseja...

Fundamental é ser mulher na essência...é embelezar a Alma...é ser Puro Amor !

Rose Colaneri



A... Nudez

Depois da invenção do photoshop, até a mais insignificante das criaturas vira uma deusa,basta uns retoquezinhos, aqui e ali.
Nunca vi tanta mulher nua.

Os sites da internet renovam semanalmente seu estoque de gatas vertiginosas. O que não falta é candidata para tirar a roupa.Dá uma grana boa.
E o namorado apóia, o pai fica orgulhoso, a mãe acha um acontecimento, as amigas invejam, então pudor pra quê?

Não sei se os homens estão radiantes com esta multiplicação de peitos e bundas.Infelizes não devem estar, mas duvido que algo que se tornou tão banal ainda enfeitice os que têm mais de 14 anos.

Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade...
emocionalmente.

Nudez pode ter um significado diferente e muito mais intenso.

É assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.

É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente.

Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades,
sem esconder seus pequenos defeitos.
Aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas,e não bonecas de porcelana.

Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.
Pouco tempo atrás, posar nua ainda era uma excentricidade das artistas, lembro que esperava-se com ansiedade a revista que traria um ensaio de Dina Sfat, por exemplo

- pra citar uma mulher que sempre teve mais o que mostrar além do próprio corpo.

Mas agora não há mais charme nem suspense, estamos na era das mulheres coisificadas,
que posam nuas porque consideram um degrau na carreira.

Até é.

Na maioria das vezes, rumo à decadência.

Escadas servem para descer também.

Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior.

Mas é o que devemos continuar fazendo.
Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

Outro tipo de mulher nua...

Autora: Martha Medeiros





quinta-feira, 23 de setembro de 2010

É Primavera !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! By Rose Colaneri







É Primavera !!!

Chega enfim a estação mais bonita...onde as flores estão em seu mais alto esplendor...o perfume está no ar...a despeito do que estamos sentindo nesse momento, a primavera está aí...e quem tem “olhos” para apreciar poderá ver e sentir o poder das flores. Elas são criadas no plano etérico e chegam a nós através de “anjos”. Essa beleza é mais uma prova de Amor de Deus por nós...

Há o jardim de fora e o jardim de dentro...se cultivarmos bons sentimentos, nosso jardim interior será sempre florido como a primavera, o de fora, indiferente à tudo, sempre florescerá, mas algumas pessoas não conseguirão vê-lo...como diz Cecília Meireles : “A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la”.


Grandiosa é a alma que abriga flores das mais variadas espécies, por cultivar o solo dos sentimentos com os melhores fertilizantes e as mais belas sementes: Amor, gratidão, compreensão, perdão e compaixão.

Viva a Primavera intensamente, a energia das flores está no ar...flor é beleza, delicadeza, suavidade, é amor...mas também é impermanência...como tudo em nossas vidas, portanto não deixe para apreciá-las amanhã, assim como não deixe para viver...amanhã!!

Rose Colaneri

Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada, ou qualquer lago seja construído é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma.Quem não tem jardim por dentro, não planta jardim por fora. E nem passeia neles".

Rubem Alves

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Desertos...by Rose Colaneri, Um Peregrino, JY Leloup








Quem nunca vivenciou um deserto,
nunca esteve sozinho dentro de si mesmo.
Muitas vezes estar num deserto é o único caminho para se conhecer verdadeiramente, se olhar no espelho e reconhecer que além do reflexo físico,
há uma alma, que abriga tudo que sentimos, que busca a completa interação com os corpos físico, etérico, emocional, mental,
que muitas vezes estão em total dissonância e se perdem...
nunca se encontram... e a paz que tanto queremos, não acontece...

Amar é muito mais que desejar,
Refletir é muito mais que interiorizar...
Viver é muito mais que existir!!

* * *
Por um tempo andei pelo deserto Sem saber onde ia chegar...
Sem força...com pouca fé...
Até que o cansaço e as dores me fizeram parar,
E por um tempo desistir...
O meu deserto era negro apesar do Sol, e muito cruel...
Destruindo e transformando tudo em cinzas.
A solidão me mantinha agarrada nos braços da morte...
O deserto significa morte quando ficamos parados nele...
Mortos vivos...vivos mortos...
Ficamos presos no instante onde nada...nada acontece...
Mas esse mesmo deserto, essa mesma solidão, podem levar a outros caminhos E podem significar... Renascimento!
Quando não há mais fé e força para levantar e prosseguir,
Sutilmente, Um Poder Superior se faz presente...revelando caminhos...
E é preciso reconhecer nos simbolismos,
a luz que iluminará e fará com que das cinzas surja uma nova vida:
como a Fênix!
E o mesmo Sol que antes feria o corpo no deserto,
Torna-se a Luz que direciona,
que dá forças para prosseguir...
Em busca de si mesmo,
em busca do melhor de si mesmo,

No amor, no auto-perdão...
na compreensão... de que um dia tudo passará,
Porque tudo passa, tudo é impermanente,
Até as coisas ruins que nos acontecem...
By Rose Colaneri


*****************



Deserto, vazio, imensidão e silêncio,

tempestades de areia, calor abrasador,

oásis e repouso:

“Anuncia-lhes

Que a água deve ser bebida

por diversas sedes, a maior e a menor,

não avalies a bondade da água

pelo tamanho da tua bilha

a parte prometida

a parte permitida

a cada um,

é aquela que pode caber

na palma de suas mãos,

anuncia-lhes ainda

que a água só é viva

para aqueles que têm sede...”

Jean-Yves Leloup, em “Deserto, Desertos"



- Desertos –

Existe a bondade da água,

e existe a palma das mãos...

O deserto nos situa fora dos acontecimentos do tempo e do espaço

onde o tempo é abolido,

o espaço perde os limites

onde o espaço não tem limites,

o tempo é abolido

assim o deserto nos conduz

às fronteiras do tempo-espaço

a sede do dia

pouca coisa interessa ao caminhante

salvo o encontro com a fonte.


**

NO DESERTO

você não se deita duas vezes

sobre a mesma duna

o sangue a pulsar nas veias

os pés-de-vento nas areias

o tempo tudo transforma,

tudo modifica

o mundo que está vindo a ser

Já não é mais o que era antes

chega-se ao deserto no dia em

que se descobre que sempre se

esteve ali , e o que nos

escondia o deserto?

Um certo conforto

um certo esquecimento

mas lá estava ele

FIEL, E TENAZ


**

Partir para o deserto é partir para o mais longe de si mesmo e dali depois voltar para o mais perto

adereços e ornamentos , dispensáveis não têm vez no deserto, pois, para atravessá-lo, apenas do essencial não se deve prescindir e, nessa travessia, o que vem a ser essencial?


**
Essencial é recordar

a lição da flor de lótus,

que, em meio ao lamaçal do pântano, emerge límpida e resplandecente.


Essencial é cultivar

um coração puro e radiante,

tal qual a flor de lótus.


O essencial em geral tem a ver com a simplicidade, estando ao alcance de quem o queira buscar. Simplicidade como beber água direto na nascente, com a concha formada pela palma das mãos vazias.

Mãos limpas e abertas são necessárias

àqueles que almejam alcançar a Fonte.


Essencial é a sede espiritual.

A água límpida da Nascente

vivifica, dignifica, purifica...



**
Essencial é compartilhar

os bens e os dons com os quais fomos

agraciados pela Vida.

Compartilhar o nosso excedente

com aquele que se encontra privado do necessário.


“Não se enriquece sendo miserável;

ninguém empobrece sendo generoso.”

antigo ditado oriental


Essencial é respeitar e proteger a vida,

em todas as suas manifestações.

Essencial é buscar o conhecimento, o saber.

Essencial é o amor.


Amar tem mais a ver com “encontrar”

do que com “escolher”.


E ao se compartilhar sonhos e anseios,

dores e alegrias,

o mundo se torna mais leve.

Essencial é a família.

**

Não nos é dado escolher a família onde nascemos...,

...mas está nas nossas mãos o cultivo de

relações familiares harmoniosas, amando,

quando possível,

perdoando, sempre que necessário.


“Uma família feliz nada mais é

que o paraíso antecipado.”


Essencial é recordar que, apesar de

todas as aparentes diferenças,

- de raça, credo, idioma...

...pertencemos todos a uma única família,

- a família humana...,

...e que todos compartilhamos os

mesmos anseios por dignidade,

liberdade e uma vida plena.


Somos todos raios de uma mesma Luz,

ecos de uma mesma Voz...,

...navegantes do mesmo mar da Vida.



**


Essencial é proteger a infância.

Essencial é garantir as condições necessárias para que toda criança desenvolva seu pleno potencial,

físico, mental, emocional, social, espiritual...


Essencial é recordar que as crianças têm muito mais para ensinar do que aprender,

Essencial é saber ver, querer ouvir.

Essencial é o devido respeito aos idosos.

Essencial é fazer sábio uso

do vigor da juventude...


Essencial é amparar o enfermo,

socorrer o necessitado.

Essencial é não permitir que a rotina nos torne alheios aos mistérios e encantos que a vida entesoura.


Antes das tantas cidades erguidas,

o que havia, senão o deserto?

Essencial é não esquecer

as lições do deserto.

**


A lição de seguir adiante,

de não se deixar abater diante do vento abrasador,

do calor escaldante, das noites sem luar.


A lição da fugacidade

e da fragilidade da existência humana,

a nos recordar a todo instante

de quão delicada e breve é

a nossa passagem terrena.


A busca por sentido por algo que transcenda

as cores e as formas efêmeras, por algo maior

do que as miudezas do dia-a-dia

“O que é o homem?”,

“O que é o mundo?”,


Perguntavam-se os antigos povos do deserto.


-“Uma gota de orvalho na borda de um cântaro”


Diria mais tarde o profeta Isaías.

**

Uma gota de orvalho que se desvanece mais célere ainda sob o sol do deserto.

O deserto nos ensina a ver a claridade que há no olhar da criança, e a luminosidade, no olhar do ancião.

Uma luz que viu e atravessou a noite,

uma inocência que nada ignora das durezas e dos esplendores da existência.


O caminhante que resolve percorrer a imensidão e o silêncio do deserto, em direção ao Infinito, não embarca numa empreitada de aniquilamento.

Antes, haverá de reatar os laços com aquilo que o ser humano tem de Eterno, e que se achavam velados pelas ocupações e preocupações do tempo.

**

“O mundo é a extremamente pesada presença das coisas, onde se sente por vezes a demasiadamente viva ausência de Deus...”


“O deserto é a extremamente dura ausência das coisas, onde se sente às vezes a demasiadamente doce presença de Deus”


Jean-Yves Leloup
um_peregrino
Copie com Amor,
preserve o nome do autor

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A beleza dos sentimentos - Rubem Alves







Porque hoje é aniversário de Rubem Alves e o vídeo é especial para ele.
Parabéns Rubem Alves !




"Chega um dia que faz a gente parar e prestar atenção:
o dia do aniversário.
No dia do aniversário a gente diz:
“Passou mais um ano da minha vida“.
Jeito bobo. Os números não dizem nada.
Há um verso sagrado que diz:
“Ensina-me a contar os nossos dias de tal maneira
que alcancemos corações sábios.“
Muita gente envelhece sem ficar sábio.
O que é um sábio?
Sábio não é quem sabe muito.
Sábio é quem come a vida
como se ela fosse um fruto saboroso.
O que dá prazer e alegria não são coisas grandes,
festas com bolo, bexigas e presentes.
O que dá alegria são coisas pequenas.
Por exemplo: brincar com um cachorrinho.
Balançar num balanço.
Andar na água fria de um riachinho.
Ver um ipê florido. Ler um livro.
Armar um quebra-cabeças.
Ver fotografias antigas.
O sábio presta atenção nos prazeres
e alegrias de cada momento".


"Nasci no dia 15 de setembro de 1933. Faça as contas para saber quantos anos não tenho. Que "não tenho", sim; porque o número que você vai encontrar se refere aos anos que não tenho mais, para sempre perdidos no passado. Os que ainda tenho, não sei, ninguém sabe..."

Rubem Alves


A BELEZA DOS SENTIMENTOS DE RUBEM ALVES


“Se te perguntarem quem era essa que às areias e gelos quis ensinar a primavera...”: é assim que Cecília Meireles inicia um dos seus poemas. Ensinar primavera às areias e gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la?

Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como? - se ele não ouve. E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há coisas que não podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das palavras. Os cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que podem ser ensinadas são aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo: acho possível desenvolver uma psicologia da solidariedade. Acho também possível desenvolver uma sociologia da solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade... Mas os saberes científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como a crítica da música e da pintura não ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A beleza é inefável; está além das palavras.

Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, esses pássaros morrem.

A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras. Walt Whitman tinha consciência disso quando disse: "Sermões e lógicas jamais convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma... Ele conhecia os limites das suas próprias palavras. E Fernando Pessoa sabia que aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz: ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música - de onde vem ela se não foi o poeta que a tocou?

Não é possível fazer uma prova colegial sobre a beleza porque ela não é um conhecimento. E nem é possível comandar a emoção diante da beleza. Somente atos podem ser comandados. Ordinário! Marche!", o sargento ordena. Os recrutas obedecem. Marcham. À ordem segue-se o ato. Mas sentimentos não podem ser comandados. Não posso ordenar que alguém sinta a beleza que estou sentindo.

O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do corpo. Enterradas na carne, como se fossem SEMENTES À ESPERA...

Sim, sim! Imagine isso: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram, adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes - lembre-se da estória da Bela Adormecida! Elas poderão acordar, brotar. Mas poderão também não brotar. Tudo depende... As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas... De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que cresçam. Nos jardins há pragas: tiriricas, picões...

Uma dessas sementes tem o nome de "solidariedade". A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora ela poderia ser ensinada. A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade, semente, tem de nascer.

Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele floresça. Angelus Silésius, místico antigo, tem um verso que diz: “A rosa não tem por quês. Ela floresce porque floresce." O ipê floresce porque floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.

A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: "Seja solidário!" Ela acontece como simples transbordamento. Da mesma forma como o poema é um transbordamento da alma do poeta e a canção um transbordamento da alma do compositor...

Disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna humanos. É um sentimento estranho - que perturba nossos próprios sentimentos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a criança - dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela, estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto aos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha vindo, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus sentimentos. Foi-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se.

Ele está agora ligado a outro corpo que passa a ser parte dele mesmo. Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa e nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade. Acho que esse é o sentido do dito de Jesus que temos de amar o próximo como amamos a nós mesmos. Pela magia do sentimento de solidariedade o meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade.

Mas fica pendente a pergunta inicial: como ensinar primaveras a gelos e areias? Para isso as palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário fazer nascer ipês no meio dos gelos e das areias! E eu só conheço uma palavra que tem esse poder: a palavra dos poetas. Ensinar solidariedade? Que se façam ouvir as palavras dos poetas nas igrejas, nas escolas, nas empresas, nas casas, na televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e, principalmente, na solidão...

O menino me olhou com olhos suplicantes.

E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes...

Fonte:
http://stoa.usp.br/anacesar

Copie com amor, conserve o nome do autor !!!!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A tranquilidade das ovelhas - Rubem Alves

Linda tela de Leonid Afremov







Namaste!


E quem nunca sentiu medo na vida?? Acho que nunca existiu uma pessoa que não experimentou a angústia do medo...a ansiedade que gera o medo...a insegurança causada pelo medo.


Claro que uma dose equilibrada de medo é necessária, pois precisamos de cautela também..

Mas há aqueles que vivem inertes por anos por causa do medo...medo da morte, medo da rejeição, medo da solidão, medo da violência, medo de amar, medo de não ser capaz, medo de não ser amado, medo de não ser inteligente, medo de não conseguir um bom emprego, medo de ter medo...há medos para todos os gostos...


Mas somente desafiando nossos medos é que os enfrentamos e os vencemos...ou não. Às vezes precisamos enfrentar os mesmos medos porque não conseguimos vencê-los em outra ocasião.

O importante é assumir que somos humanos falíveis e que podemos ter medo sim, em excesso é preciso tratar, e para isso há uma série de opções...e não é vergonhoso pedir ajuda...esse aliás é um grande passo..


Os medos sempre existirão, após vencermos um, outro virá, é preciso desafia-los,  acreditar em nosso poder pessoal, isso nos fortalece!

O texto abaixo é do grande Rubem Alves, quem me conhece sabe o quanto amo esse senhor, o quanto admiro, o quanto ele me faz aprender e refletir..até com as colocações dele que eu não compactuo, discutimos (eu e ele, mas ele não sabe) e sempre chegamos a um acordo...


Rose Colaneri


Para apreciação, Rubem Alves em:


A tranquilidade das Ovelhas


A noite estava escura, céu sem estrelas. De vez em quando ouvia-se o uivo de um lobo bem longe, misturado com o barulho do vento. As crianças reunidas na tenda do Mestre Benjamin estavam com medo.


Mestre Benjamim sentiu o medo nos seus olhos. Foi então que uma delas perguntou:


- Mestre Benjamim, há um jeito de não ter medo? Medo é tão ruim!


Mestre Benjamim respondeu: - Há sim... E ficou quieto. Veio então a outra pergunta:


- E qual é esse jeito?


- É muito fácil. É só pensar como as ovelhas pensam...


- Mas como é que vou saber o que as ovelhas estão pensando? Mestre Benjamim respondeu: -


Quando durante a noite, as ovelhas estão deitadas na pastagem, os lobos estão à espreita. E eles uivam. As ovelhas têm medo. Mas aí, misturado ao uivo dos lobos, elas ouvem a música mansa de uma flauta. É o pastor que cuida delas e não dorme nunca.


Ouvindo a música da flauta elas pensam: Há um pastor que me protege. Ele me leva aos lugares de grama verde e sabe onde estão as fontes de águas límpidas. Uma brisa fresca refresca a minha alma. Durante o dia ele me pega no colo e me conduz por trilhas amenas. Mesmo quando tenho de passar pelo vale escuro da morte eu não tenho medo. A sua mão e o seu cajado me tranqüilizam.


Enquanto os lobos uivam, ele me dá o que comer. Passa óleo perfumado na minha cabeça para curar minhas feridas. E me dá água fresca para sarar o meu cansaço. Com ele não terei medo, eternamente... (Salmo 23, paráfrase)


Mestre Benjamim parou de falar. Os olhos de todas as crianças estavam nele. Foi então que uma delas levantou a mão e perguntou:


- E os lobos? Eles vão embora? Eles morrem?


- Os lobos continuam a uivar. E continuam a ser perigosos. O pastor não consegue espantar todos eles. E por vezes eles atacam e matam. Mas as ovelhas, ouvindo a música da flauta do pastor dormem sem medo, não porque não haja mais perigo, mas a despeito do perigo.


Não há jeito de acabar com o perigo. Mas há um jeito de acabar com o medo.


Coragem é isso: dormir sem medo a despeito do perigo...


As crianças voltaram para suas tendas e dormiram sem medo, pensando nos pensamentos das ovelhas. De vez em quando, lá fora, ouvia-se o uivo de um lobo faminto.


Desde então, tornou-se costume contar ovelhinhas para dormir.


Texto de Rubem Alves, do livro: “Perguntaram-me se acredito em Deus”.