As rosas tem significado pessoal -
"um simbolo de amor eterno entre eu, minha filha e meu pai"... !
24 de dezembro - aniversario de meu PAI -
Saudades demais...
A saudade é um buraco na alma que se abriu
quando um
pedaço nos foi arrancado.
No buraco da saudade mora
a memória daquilo que
amamos,
tivemos
e
perdemos.
A saudade é a presença de uma ausência.
***
A saudade abre as
portas
para os lugares mais fechados,
e mais belos de nossas mentes.
Até o silêncio torna-se aliado da saudade...
Um quarto silencioso é o local mais apropriado
para que essa tal da saudade apareça...
E ela vem... Medindo o amor...
E dizendo “você não cabe em um lugar tão pequeno!
Precisa sair” e o amor sai...
Derrama-se pelo rosto
e o “buraco dolorido na alma” fica maior...
para os lugares mais fechados,
e mais belos de nossas mentes.
Até o silêncio torna-se aliado da saudade...
Um quarto silencioso é o local mais apropriado
para que essa tal da saudade apareça...
E ela vem... Medindo o amor...
E dizendo “você não cabe em um lugar tão pequeno!
Precisa sair” e o amor sai...
Derrama-se pelo rosto
e o “buraco dolorido na alma” fica maior...
*Rubem Alves*
Comemorar, recordar...
É preciso preparar a alma com antecedência para o evento.
O tempo da "comemoração" se aproxima. Comemorar quer dizer
"trazer de novo à memória". Para quê? Para que se cumpra o ditado
popular que diz "recordar é viver". Dentre todos os seres vivos os
seres humanos são os únicos que se alimentam do passado. Eles comem aquilo que
já deixou de existir.
Proust deu o nome de "Em Busca do Tempo
Perdido" à sua obra clássica. Se está perdido irremediavelmente no
passado, por que se entregar à tarefa inútil de procurá-lo?
Por fora, no mundo cotidiano do trabalho, estamos em
busca de coisas novas. Mas a alma, nas penumbras em que mora, vive à procura de
coisas velhas. Alma é saudade. Saudade é a inclinação da alma na direção das
coisas amadas que se perderam. Foram perdidas e, a despeito disso, continuam
presentes como dor: "...Que a saudade dói latejada, é assim como uma
fisgada no membro que já perdi..." Saudade é a presença de uma ausência.
Para a saudade não existe cura. Tudo o que podemos dar a
ela como consolo é inútil. Por isso, Fernando Pessoa escreveu: "Mas por
mais rosas e lírios que me dês, eu nunca acharei que a vida é bastante.
Faltar-me-á sempre qualquer coisa, sobrar-me-á sempre de que desejar..." A
alma é como um queijo suíço, toda cheia de buracos que doem no seu vazio...
Há um esquecer que é uma felicidade. É como mar que limpa
e alisa a areia que os humanos haviam pisado na véspera sem pedir desculpas. Já
tive essa estranha sensação bem cedo na praia diante da areia lisa, um
sentimento de culpa por machucá-la com meus pés... O esquecimento alisa a
areia. Tudo fica puro, como se fosse a primeira vez. Isso, do lado de fora. Mas
lá no fundo, onde mora a saudade, não há esquecimento. Porque lá só moram as
coisas que foram amadas. E o amor não suporta o esquecimento. "Aquilo que
a memória ama fica eterno", escreveu a Adélia.
Há a estória daquele homem dilacerado pela dor da saudade
de sua amada que morrera. Em desespero, dirigiu-se aos deuses pedindo que a
devolvessem. "A morte é mais forte que nós", responderam os deuses.
"Não podemos devolver o que a morte levou. Mas podemos pôr um fim ao seu
sofrimento. Podemos fazê-lo esquecer a sua amada. Podemos curá-lo da
saudade..." Horrorizado o homem respondeu: "Não, mil vezes não! Pois
é o meu sofrimento que a mantém viva junto de mim!"
Palavra boa para dizer isso, parente de
"comemorar", é "re-cordar". Pus o hífen de propósito para
destacar o "cordar", que vem do latim "cor", que quer dizer
"coração". Há memórias que moram na cabeça, muito úteis. Se nos
esquecemos delas, cuidado! Pode ser Alzheimer se anunciando! Essas memórias não
doem, são informações que levamos no bolso, ferramentas. Mas há outras memórias
que moram no coração, são parte da gente. O Chico sabia e escreveu: "Oh
pedaço arrancado de mim..."
Já estou preparando a minha alma para o evento. O Natal
vai fisgar o membro que já perdi. Perdi a minha infância. Gostaria mesmo era de
ir para um mosteiro, longe de comilanças, presentes e risos. Num mosteiro eu
poderia experimentar a bem-aventurança na alma que Fernando Pessoa descreveu
como a alegria de não precisar de estar alegre... Eu gosto da minha tristeza
natalina. Ela é verdadeira.
Sou como aquele apaixonado que não queria ser
curado da saudade...
*Rubem Alves*
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA letra dessa musica expressa exatamente o que se passa em meu coração...
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